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Karina Kufa

Precisamos falar sobre violência política contra as mulheres

Ataques à vida privada da ministra Damares Alves expõem baixeza e machismo

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Karina Kufa

Advogada especialista em direito administrativo e eleitoral, é professora e presidente da Comissão de Compliance Eleitoral e Partidário do Conselho Federal da OAB

A violência política assola mulheres de todas as ideologias. A falta de respeito e a quebra de privacidade têm sido recorrentes contra as mulheres que estão em evidência.

Observamos que, quando se quer atingir a integridade de uma pessoa pública do sexo masculino, o que se ataca é a falta de competência ou de honestidade. Quando o alvo é uma mulher, os adversários não se envergonham em vasculhar a vida íntima. Os exemplos de maledicência saltam diariamente no noticiário. A tramoia mais recente teve como alvo uma mulher que, pelo cargo que ocupa e pelos sentimentos que inspira, é um símbolo da nossa sociedade.

Estou falando da ministra Damares Alves, uma mulher que, pelos valores, pela trajetória pessoal e pela coragem de dizer o que pensa, representa a direita, o conservadorismo, os cristãos e a família em cada ação que desenvolve no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Com força de vontade, Damares combate a violência doméstica, se insurge contra a pedofilia e busca ações por uma infância melhor. Ainda assim, ou talvez por isso, ela vem sendo alvo de ataques. O mais recente aconteceu no mês passado, quando alguns veículos publicaram, em tom de escândalo, referências a um suposto relacionamento que a ministra teria tido em 2014 com um colega de trabalho. Uma ação lamentável.

Já tive a oportunidade de ouvir a ministra falar, com olhos marejados, sobre o auxílio às mulheres escalpeladas da Ilha de Marajó (PA) —que perderam os cabelos em acidentes de barco a motor (comuns nos rincões da Amazônia)— sofrem com problemas de autoestima e vivem em comunidade isoladas.
Sou testemunha de como a ministra se entrega ao trabalho de proteger os mais fracos. Longe dos holofotes, a rotina da ministra se resume a solucionar problemas graves que boa parte dos brasileiros sequer sabe que existem. Uma mulher de fé, um coração tão puro, Damares abre mão da vida pessoal em nome de um bem maior. Eu vejo isso na nossa ministra e afirmo que ela me representa.

Por isso, diante dos recentes ataques à vida privada da ministra, é necessário repensar as nossas atitudes em relação à mulher no ambiente público. Trata-se de uma pauta que interessa não apenas a um determinado grupo, mas à sociedade. Somente com respeito às nossas irmãs, mães e filhas teremos condições de ver um país crescendo de forma justa e equilibrada.

É triste constatar que a resistência à ascensão das mulheres à vida pública permanece mesmo diante da crescente qualificação feminina. As mulheres vêm subindo na escala da qualificação profissional ao mesmo tempo em que permanecem como as principais responsáveis pelas tarefas domésticas. Ou seja, avançam lá fora sem reduzir os esforços de administrar a vida diária das próprias famílias. Isso não é pouco e deveria ser levado em conta toda vez que um homem aponta um dedo para acusar uma mulher de incompetência para o exercício do poder.

Não é incomum observarmos mulheres tendo carreiras afetadas por exposição de suas vidas íntimas ou, pior ainda, pela “criação de fatos”. Não é necessário que seja verdadeira uma determinada trama para se desqualificar uma mulher. Basta que a trapaça cause sensação nas plateias sedentas. Uma simples insinuação é recebida como a prova cabal da contradição ou da incapacidade feminina.

Diante desse cenário, resta a nós, mulheres que transitamos nas esferas de poder, a obrigação cotidiana de justificar a todo momento que temos, sim, capacidade de ocupar cargos de comando, de deliberar sobre as grandes questões nacionais; enfim, de participar, em iguais condições, da vida política, econômica e social do nosso país. Sabemos que as intrigas atingem também alguns homens. Mas os dissabores masculinos nesse quesito são meramente residuais quando comparados às dificuldades das mulheres.

Precisamos refletir sobre a indústria das meias verdades maliciosas que somos obrigadas a suportar. Estender a mão à ministra Damares neste momento é, de certa forma, estender a mão a todas as mulheres vítimas da inveja e de todo tipo de baixeza. Damares não está só!

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