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Marcello Lobão Schiavo

Reforço aéreo não tripulado na preservação da Amazônia

Remotamente pilotada, aeronave das Forças Armadas é usada no combate a ilícitos ambientais

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Marcello Lobão Schiavo

Brigadeiro do ar e presidente do Grupo de Trabalho do Sarp (Sistema de Aeronaves Remotamente Pilotadas)

Com o desafio de combater os ilícitos ambientais na Amazônia, as Forças Armadas estão empregando as Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARPs). Elas passaram a integrar o esforço federal para identificar e coibir as queimadas e desmatamentos. Atualmente, essa ferramenta vem sendo utilizada na Operação Samaúma, que ocorre em terras indígenas, unidades federais de conservação ambiental e áreas de propriedade da União.

A missão abrange 26 municípios do Amazonas, do Mato Grosso, do Pará e de Rondônia. Tem previsão de término em 31 de agosto e é coordenada pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), com o apoio do Ministério da Defesa e das Forças Armadas. Em pouco mais de um mês, houve a aplicação de R$ 57 milhões em multas e 5.466 hectares foram embargados, além da apreensão de 2.314,23 m³ de madeira ilegal.

Avião não tripulado utilizado pela Aeronáutica para combater incêndios e desmatamentos na Amazônia
Aeronave remotamente pilotada é utilizada pela Aeronáutica para combater incêndios, desmatamentos e garimpos ilegais na Amazônia - Capitão-Tenente (T) Fabrício Costa/Ministério da Defesa

As modernas tecnologias possibilitam o compartilhamento instantâneo de dados entre pessoas nos locais mais distantes do planeta, podendo colaborar, interagir e criar valor. Esses conceitos são aplicáveis nas áreas de segurança e defesa, com o emprego das ARPs. As informações fornecidas, geradas e exploradas em redes, permitem maior consciência situacional, sincronização de ações e oportunos resultados.

Nessa concepção, surgiram as ARPs, que passaram a ser amplamente utilizadas a partir da Guerra do Golfo, em 1990. Equipados com sensores sofisticados, esses sistemas podem voar até dias sobre regiões de interesse, de forma discreta, compartilhando as informações coletadas em tempo real com usuários espalhados por diferentes locais do globo terrestre.

As ARPs permitem que analistas, operadores e comandantes compartilhem a mesma visão do cenário, colaborando, com rapidez, para uma adequada decisão para o cumprimento da missão. Os pilotos e operadores executam suas atividades a partir de estações de solo, que podem estar a milhares de quilômetros da área de operações. A tecnologia possibilita monitorar áreas em regiões contestadas sem expor a tripulação a riscos indesejáveis.

No Brasil, as ARPs são operadas desde 2011 pela Aeronáutica em missões de inteligência, vigilância e reconhecimento, contribuindo para a manutenção da soberania do espaço aéreo e para a integração nacional. Aeronaves Hermes 450 e 900 estão sediadas na Ala 4, em Santa Maria (RS), e duas ARPs Heron I, cedidas pela Polícia Federal, encontram-se em fase de implantação na Ala 12, no Rio de Janeiro.

As ARPs são equipadas com sensores eletro-ópticos e câmeras termais. As primeiras produzem imagens em alta resolução, enquanto as segundas funcionam na faixa do infravermelho, garantindo a operação também durante à noite. Foi firmado este ano um acordo de estudo conjunto entre a FAB e a Embraer para o desenvolvimento de ARPs de categoria superior, com tecnologia nacional e múltiplas capacidades. A Marinha e o Exército também possuem projetos para a aquisição de novos vetores.

Dada a capacidade de monitoramento (a autonomia de voo do RQ-900 chega a 30 horas) e a transmissão instantânea de imagens, as ARPs são intensamente utilizadas em operações interagências, envolvendo o Ministério da Defesa e órgãos públicos civis. Assim, com aeronaves sendo lançadas a partir da região da Serra do Cachimbo (PA) e controladas remotamente, por meio de enlace de comunicações por satélite, a partir de uma Estação de Controle instalada no Comando de Operações Aeroespaciais (Comae), em Brasília.

Na Operação Samaúma, esse sistema permite identificar áreas de desmatamento ilegal, garimpos clandestinos e até focos de incêndio. Com isso, é possível fornecer às agências e tropas federais informações oportunas e atualizadas sobre as áreas onde há maior incidência de possíveis atividades ilícitas, tornando célere a atuação dos órgãos de fiscalização.

As ARPs são extremamente versáteis e com grande potencial de uso dual. Modernas e sofisticadas, essas aeronaves são valorosas ferramentas que têm muito a contribuir nas áreas de segurança e defesa, em prol da sociedade, e indispensáveis para a garantia da soberania do país.

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