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O que a Folha pensa CPI da Covid

A tarefa de cada um

Caberá à Câmara e ao Ministério Público dar sequência a trabalho da CPI da Covid

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Sessão da CPI da Covid - Adriano Machado/Reuters

De grão em grão, o avanço da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as ações do governo Jair Bolsonaro no enfrentamento da Covid-19 vai criando novos constrangimentos para o mandatário.

Na quarta (15), os senadores decidiram convocar sua ex-mulher Ana Cristina Valle para depor, a fim de esclarecer ligações detectadas entre ela e um lobista envolvido com empresa que tentou vender vacinas ao Ministério da Saúde.

Ouvido pela CPI no mesmo dia, o advogado Marconny Albernaz de Faria foi questionado sobre a amizade com Ana Cristina e um dos filhos do presidente, Jair Renan, e sua atuação em favor da Precisa Medicamentos, alvo de buscas da polícia na sexta (17).

Seria apenas mais um dos atravessadores que há meses consomem as energias da comissão, não fossem os riscos criados pela sua proximidade com o atribulado círculo familiar do chefe do Executivo.

Ana Cristina é um dos alvos das investigações sobre o esquema das rachadinhas, que assombram o presidente e seus filhos, e também chamou atenção recentemente ao se mudar com o filho para uma mansão em Brasília, cujo aluguel não se sabe como é pago.

Em outra frente, os senadores obtiveram um dossiê estarrecedor que acusa a operadora de planos de saúde Prevent Senior de esconder do público a morte de sete pacientes tratados com cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada que Bolsonaro promoveu.

A poucas semanas da data prevista para o encerramento de suas atividades, é improvável que a CPI tenha condições de esclarecer todos os indícios de desmandos com que se defrontou ao escrutinar as relações do Ministério da Saúde com seus fornecedores.

Mas ela cumpriu um papel essencial com esses esforços, dada a complacência com que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o procurador-geral da República, Augusto Aras, tratam os desatinos de Bolsonaro.

A CPI já acumulou evidências suficientes para demonstrar a negligência de Bolsonaro e seus auxiliares na gestão da crise sanitária, e um grupo de juristas liderado pelo ex-ministro Miguel Reale Júnior apontou crimes de responsabilidade cometidos pelo mandatário.

Ainda que conclua suas investigações deixando mais pontas soltas do que seria desejável, a comissão aumentará a pressão para que outras instituições encarregadas de fiscalizar o presidente se mexam.

editoriais@grupofolha.com.br

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