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Benedito Braga

Crise hídrica: o que precisamos fazer juntos

Além do uso consciente por parte da população, devemos acelerar obras

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Benedito Braga

Presidente da Sabesp e presidente honorário do Conselho Mundial da Água

Estamos tendo um período bastante fraco de chuvas, com precipitações abaixo da média por quase uma década, resultado das variações climáticas. É um período de escassez hídrica, isto é, de pouca disponibilidade de água e, sob a orientação do governador João Doria (PSDB), estamos atentos a essas circunstâncias e tomando as ações preventivas necessárias.

Mas estamos em uma crise hídrica? A resposta é não. E porque enfatizamos esse não?. A resposta é porque temos hoje uma estrutura e um preparo muito melhor do que tínhamos em 2014-15 e não há no momento motivo para preocupação.

Mas precisamos estar atentos, acelerar o ritmo das novas obras que estamos fazendo e, fundamentalmente, contar com o apoio da população na economia de água para que não tenhamos problemas no futuro a médio e longo prazos. Em novembro e dezembro teremos condições de uma avaliação mais precisa para o próximo ano.

O delicado equilíbrio do nosso sistema de abastecimento de água está baseado em três pilares: o ciclo anual de chuvas, que recarrega os reservatórios; o trabalho da Sabesp de captar, reservar, tratar e distribuir água; e o uso consciente por parte da população, entendendo que não se trata de um bem infinito. Os três pilares são importantes porque estamos em uma região onde a disponibilidade natural de água foi há muito ultrapassada pela demanda em função do crescimento exponencial da Grande São Paulo, tanto que buscamos água em bacias hidrográficas além do Alto Tietê para complementar o abastecimento.

Com as obras que fizemos desde 2014 aumentamos a disponibilidade de água bruta e de água tratada na Grande São Paulo, além de ampliar a flexibilização que permite que possamos utilizar o sistema que esteja em melhor condição para atender diversas regiões, variando rapidamente conforme a necessidade.

Paralelamente a isso, a população também se conscientizou e hoje consome em média 12% a menos do que antes da crise hídrica, o que ajuda a aliviar o uso dos nossos principais mananciais. Mas temos que lembrar que a Grande São Paulo continua a crescer e que estamos saindo de uma pandemia e entrando em um cenário de recuperação econômica, o que significa mais consumo de água nas várias atividades humanas.

Em suma, temos vários cenários e trabalhamos com todas as hipóteses possíveis, sem o catastrofismo fácil, mas também sem nos acomodarmos. Estamos construindo a reversão do rio Itapanhaú, que vai contribuir com mais 2 m3/s em 2022. Isso significa água bruta para o abastecimento de cerca de 600 mil pessoas. O equivalente a uma cidade quase do tamanho de Osasco.

E temos outras obras na Grande São Paulo e no interior, algumas grandes, como o sistema de captação Sapucaí-Mirim de Franca, o reservatório da Cava da Pedreira, na Baixada Santista, e a represa do rio Pardo, em Botucatu. Na crise de 2014-15, enfrentamos juntos as dificuldades, aprendemos e crescemos muito. Agora, mais resilientes, vamos trabalhar juntos novamente para evitar uma eventual crise e sair ainda mais fortalecidos, conscientes e unidos como sociedade.

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