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Flavio Goldberg

Estado sanitário de direito

Brasil é maior do que uma torcida em que touro e toureiro sucumbem na arena

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Flavio Goldberg

Advogado e mestre em direito

A morte, a destruição, a guerra, a doença, a peste —todas, enfim, fazem parte do processo histórico das nações. Períodos de tranquilidade são momentos felizes no desenvolvimento dos povos, e o esforço civilizatório exige serenidade perante as catástrofes.

“After the fall” é uma expressão norte-americana utilizada para caracterizar a síndrome que acompanha a ruína.

Centenas de milhares de mortos, doentes, economia destrocada, desemprego, sucateamento da educação e do sistema de saúde público e privado —mas tudo agravado por um sentimento de impotência, gerando a inapetência para o enfrentamento da reconstrução.

Um povo dividido numa bipolarização radical mobiliza uma guerra paralela sem quartel, em que opções extremistas e modelos desmoralizados em desgovernos incompetentes sofrem de uma ordem de agonia que ameaça o mínimo de condição de se propor uma rápida resposta à terra arrasada que o corpo e alma da cidadania registram.

Nossa Constituição, que na tradição política de Ulysses Guimarães garante os direitos fundamentais, elencados em seu artigo 5. Ora, o direito à vida é sinônimo do direito à saúde, que demanda elementos fundamentais de assistência geral à população.

Uma fórmula que o ex-presidente Michel Temer (MDB) vem advogando, como jurista que é, sugere a pacificação dos espíritos —uma espécie de intervenção cirúrgica capaz de acalmar os ânimos como pré-requisitos para, como Fênix, renascer das cinzas a esperança de uma nação derrotada na guerra desumana.

Pois é disso que se trata quando se imagina a fantasia de uma narrativa de horror: coveiros no cemitério disputando os dentes de ouro dos cadáveres insepultos. É imagem dramática ao extremo? Não, basta que se constate a alienação dos que fingem que é possível o continuísmo das disputas mesquinhas e medíocres dos postos, na soberba arrogante de uma "ilha da fantasia".

Urge a consciência de que as hordas fanáticas e o caos imperam no pós-guerra, fazendo a pilhagem dos restos sequestrados pelo sofrimento.

O Brasil é maior, é mais do que uma torcida em que touro e toureiro sucumbem na arena, gritos ensurdecedores de torcida ensandecida.

E o povo brasileiro, capaz e competente, mergulhando nas suas raízes, plantará o baobá de seu futuro.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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