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O enigma do ozônio

Falha na camada protetora sobre o polo Sul pode resultar do aquecimento global

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Geleira na Antártida - Tony Worby, Australian Antarctic Division, Commonwealth of Australia/France Presse-AFP

O buraco de ozônio, anomalia atmosférica que se apresenta sobre a Antártida a cada primavera do hemisfério Sul, segue desafiando climatologistas a explicar sua ligação com o aquecimento global.Neste ano o rombo cresce acima da média e já supera o tamanho do próprio continente austral.

A falha se espraia por algo entre 22 e 23 milhões de km², quase três vezes a área do Brasil. Como deve progredir até outubro, é possível que supere o recorde de 2006 (25 milhões de km²), entre as medições realizadas desde 1979.

Em 2020 o buraco também aumentou de modo incomum e se fechou só no final de dezembro. Não se trata de tendência clara, porém, uma vez que em 2019 o fenômeno foi o menos intenso já registrado.

O ozônio, cuja molécula reúne três átomos de oxigênio, é um gás paradoxal. Próximo da superfície terrestre, altas concentrações surgem como poluente causador de problemas respiratórios. Na estratosfera, acima de 10 km de altitude, filtra raios ultravioleta que causam danos a seres vivos.

A destruição ocorre em baixas temperaturas sob ação de substâncias contendo cloro e bromo, como os clorofluorcarbonetos banidos em 1987 pelo Protocolo de Montreal. No entanto ainda ocorrem emissões irregulares desses gases, ao que tudo indica na China.

A poluição remanescente não parece bastar como explicação para o aumento nestes dois anos. As suspeitas recaem sobre as mudanças climáticas ocasionadas pela atmosfera que se aquece com a emissão de gases do efeito estufa, como dióxido de carbono e metano.

O buraco de ozônio se abre sobre a Antártida porque ali se formam nuvens estratosféricas com condições ideais para romper moléculas do gás. O aquecimento global estaria dificultando o surgimento de tais nuvens neste período do ano, mas mais pesquisa se faz necessária para comprovar essa hipótese.

Se a atividade humana sobre o planeta se tornou poderosa a ponto de modificar sua atmosfera em dimensão arriscada, dela também dependerá a contenção dos efeitos deletérios. Para tanto será preciso fazer valer as provisões de Montreal e tornar mais ambiciosas as da reunião que se realizará em Glasgow dentro de pouco mais de um mês.

editoriais@grupofolha.com.br

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