Descrição de chapéu
Flávio Deulefeu e Nacime Mansur

O legado do modelo de organizações sociais na pandemia

OSs se mostraram, mais uma vez, alternativas viáveis e eficientes para atender à população

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Flávio Deulefeu

Presidente do Ibross (Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde)

Nacime Mansur

Superintendente da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina)

As Organizações Sociais de Saúde (OSs) estão desde março de 2020 na linha de frente no enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Brasil. Sem o apoio e a parceria dessas instituições do terceiro setor, sem fins lucrativos e comprometidas com o bem comum, o poder público estatal provavelmente não teria conseguido, apenas por meio de suas ferramentas de gestão, dar uma resposta rápida, eficiente e de qualidade às demandas da emergência sanitária.

Foi por intermédio das OSs que se viabilizou de maneira ágil a implantação de hospitais de campanha para prestar assistência adequada aos pacientes infectados com o novo coronavírus.

Além disso, a atuação das OSs também se destacou na execução da campanha de vacinação contra a Covid-19 nos postos de saúde e drive-thrus, na abertura de ambulatórios pós-Covid e na reabilitação dos pacientes que se recuperaram.

Dessa forma, o SUS (Sistema Único de Saúde) pode se valer de ferramentas inovadoras de gestão, conduzindo para ser mais resolutivo no atendimento das pessoas mais carentes.

O protagonismo do modelo de OSs nesta pandemia é inegável. As entidades verdadeiramente empenhadas em oferecer atendimento eficiente não pouparam esforços e foram céleres na ativação de estruturas hospitalares, contratação de recursos humanos e aquisição de equipamentos e insumos para tratar os doentes.

Devido aos fatos descritos, causa estranheza reportagem publicada nesta Folha ("Cai investimento em saúde em São Paulo durante governo Doria", 14/9), que tratou o repasse de recursos para as unidades de saúde geridas pelas OSs em parceria com o poder público como se fosse um mero gasto sem retorno para a administração pública e para a saúde da população.

Lamentavelmente, não se levou em consideração os milhares de pacientes atendidos nas estruturas temporárias implantadas e geridas pelas OSs, tampouco o hercúleo esforço de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, dentre outros colaboradores contratados por essas instituições para salvar vidas. Não reconhecer esse legado é negacionismo da pior espécie, além de um desrespeito sem tamanho aos profissionais e entidades parceiras das administrações estaduais e municipais por todo o país.

Os críticos ao modelo de OSs —que são sempre os mesmos e se valem há mais de 20 anos das mesmas falsas premissas— precisam ter, no mínimo, bom senso. Eles sabem que as organizações sociais não são empresas e que não há privatização da saúde, porque os serviços continuam pertencendo aos governos, ou seja, não há perda de domínio público ou lucro no processo operacional e o atendimento aos doentes é realizado de forma inteiramente gratuita, 100% pelo SUS. Ainda assim, segue-se repetindo acusações inverídicas e distorcendo informações, com o nítido propósito de confundir e distorcer a verdade.

É incrível que a parceria entre a administração pública e as OSs, cujos contratos de gestão e prestações de contas estão sob crivo constante dos órgãos de controle como Ministério Público, Tribunais de Contas e Assembleias Legislativas, ainda seja acusada de não manter transparência. As OSs são permanentemente fiscalizadas e auditadas, o que consideramos positivo, pois instituições sérias nada temem e nada devem.

Nesta pandemia, o modelo de organizações sociais se mostrou, mais uma vez, alternativa viável e altamente eficiente para atender à população com qualidade. Se hoje as pessoas reconhecem o valor do SUS pela capacidade de enfrentamento ao novo coronavírus, isso se deve muito à atuação das OSs.

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.