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Vexame em campo

Alegações contra argentinos são graves; ação de autoridades ainda gera dúvidas

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Autoridades e atletas após a paralisação do jogo entre Brasil e Argentina - Rubens Cavallari/Folhapress

Ainda estão por ser esclarecidas todas as circunstâncias da vexaminosa paralisação do jogo entre Brasil e Argentina, ocorrida no domingo (5), em São Paulo.

De certo, sabe-se que, aos 6 minutos de jogo, agentes da Polícia Federal e da Anvisa adentraram o campo da Neo Química Arena para retirar quatro jogadores argentinos que haviam descumprido normas sanitárias contra a disseminação do Sars-CoV-2.

Diante da situação, a seleção visitante optou por se retirar de campo, e o jogo, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, terminou suspenso.

A trapalhada teve início no dia anterior. Numa reunião entre a delegação do país vizinho e autoridades sanitárias estaduais e federais constatou-se, segundo a Anvisa, que os jogadores Emiliano Martínez, Buendía, Cristian Romero e Giovani Lo Celso haviam prestado informações falsas acerca dos locais em que estiveram nos dias anteriores à entrada no Brasil.

Os quatro teriam ocultado uma passagem pelo Reino Unido nos últimos 14 dias. Assim, de acordo com portaria interministerial de 23 de junho, eles só poderiam ter ingressado no Brasil com autorização específica fornecida pelo governo brasileiro. Nesse caso, os jogadores ainda teriam de cumprir quarentena de 14 dias.

Trata-se de atitude deplorável, e a PF já apura um possível crime de falsidade ideológica por parte dos desportistas argentinos. Quanto à portaria, válida também para viajantes estrangeiros oriundos de Índia, Irlanda do Norte e África do Sul, pode-se discutir o mérito, mas o fato é que está em vigor.

Ainda no sábado, segundo o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, o quarteto foi orientado a ficar isolado para aguardar a deportação, mas há versões conflitantes. Seja qual for a verdade, indubitável é que os jogadores se dirigiram ao estádio no domingo.

Cerca de três horas antes da partida, a agência sanitária divulgou nota classificando o episódio como “risco sanitário grave”, na qual afirma haver contatado a PF para que as providências fossem adotadas. Lamenta-se que isso não tenha sido feito a tempo de evitar o vexame.

editoriais@grupofolha.com.br

Erramos: o texto foi alterado

Na primeira versão deste texto faltava a palavra "não" na frase final, o que comprometia  seu sentido.

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