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Vírus da politização

Privilegiar outra vacina contra a Covid na 3ª dose não desmerece a Coronavac

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Fila para vacinação em São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress

Tornou-se já cansativo acompanhar a politização das vacinas na qual se engalfinham os governos federal e paulista desde os primeiros tempos da pandemia. Do primeiro, de fato, não se poderia esperar outra conduta.

O maniqueísmo reemergiu com o debate sobre uma terceira dose na imunização contra a Covid-19. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou normativa que excluía a Coronavac do reforço, dando preferência aos produtos da Pfizer e da AstraZeneca.

A cúpula do Instituto Butantan denunciou que a pasta excluíra o produto sino-paulista por negligenciar a reposição de estoque. O descredenciamento da Coronavac careceria de comprovação científica, alegou o diretor Dimas Covas.

Não se pode acusar Queiroga de imparcialidade, decerto, mas nem por isso Covas se cobre de razão. Apenas quem se engaja na polarização faz pouco caso de evidências para perfilar-se de pronto em um dos lados da rusga.

A melhor pesquisa vem favorecendo a aplicação de terceiras doses em esquema heterólogo, com vacina diversa da usada na primeira imunização. Vai surgindo consenso também por privilegiar vacinas de mRNA, como a da Pfizer, por induzirem resposta mais robusta, particularmente em idosos.

Apesar disso, o governo João Doria (PSDB) faz cavalo de batalha pela imunização com qualquer produto disponível. Isso implica dar a terceira Coronavac, ao menos em alguns casos, para os mais velhos que começam a receber o reforço.

Tendo em vista que o contingente de pessoas com mais de 90 ou 80 anos é relativamente pequeno, faz sentido um esforço logístico para reservar-lhes o imunizante com tecnologia de mRNA. A Coronavac, baseada em vírus inativados, deveria ser direcionada para acelerar a aplicação da segunda dose.

Mesmo no estado de São Paulo, um dos mais adiantados, a imunização completa só alcançou 40% da população. Há ainda trabalho pela frente até se poder falar em imunidade comunitária.

O governador e sua equipe devem deixar a precipitação e manter a racionalidade que ajudou a impor a vacinação como pauta nacional.

editoriais@grupofolha.com.br

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