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O desafio de transformar os sistemas alimentares em um mundo em pandemia

É preciso promover produção sustentável de alimentos nutritivos a preços acessíveis

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Estamos vivendo um momento crítico: até 811 milhões de pessoas passaram fome em 2020, cerca de 3 bilhões não podiam pagar por uma dieta saudável com quantidade adequada de nutrientes e 2 bilhões viviam com sobrepeso ou eram obesos. Isso enquanto quase um terço dos alimentos produzidos no mundo é perdido entre a colheita e o varejo, ou desperdiçados na fase do consumo.

Há seis anos, os 193 Estados-Membros das Nações Unidas se comprometeram com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e com a meta de acabar com a fome, a insegurança alimentar e todas as formas de desnutrição até 2030. Na época, acreditávamos que, apesar dos desafios, estávamos no caminho para alcançar esse objetivo. No entanto, nos últimos anos temos visto um aumento significativo nos números de insegurança alimentar, que foram ainda mais exacerbados pela pandemia de Covid-19.

Em seu segundo ano pandêmico, o Dia Mundial da Alimentação —celebrado neste sábado (16) no Brasil por FAO ( Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura ), WFP ( Programa Alimentar Mundial), Fida (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola) e Iica (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura)—​ traz em 2021 uma mensagem importante: precisamos integrar nossas ações e pensar os sistemas alimentares como um todo e de forma sustentável. Não podemos mais agir de forma isolada, e, como chefes de agências, temos um compromisso conjunto por uma agricultura mais sustentável e novos hábitos alimentares.

O planeta terá a difícil missão de acomodar 10 bilhões de pessoas em 2050, pressionando cada vez mais os recursos naturais, o ambiente e o clima, já seriamente prejudicados, e que precisam urgentemente de um plano de recuperação. A produção alimentar utiliza boa parte dos recursos naturais disponíveis, e sistemas mais prósperos, inclusivos e sustentáveis, com baixa emissão de fases de efeito estufa e resiliente à mudança climática são necessários e possíveis, principalmente porque existem maneiras de ampliar as oportunidades de desenvolvimento econômico e social sem afetar a produtividade.

Um sistema agroalimentar sustentável também proporciona uma variedade de alimentos suficientes, nutritivos e seguros a um preço acessível para todos, sem que ninguém passe fome ou sofra de qualquer outra forma de desnutrição. Infelizmente, por conta da crise econômica derivada da pandemia de Covid-19, essa realidade parece não só distante como impossível, a não ser que sejam acelerados os esforços para que o impacto nutricional nas pessoas, e nas futuras gerações, não seja ainda pior, tanto em termos de quantidade quanto de qualidade dos alimentos.

A pandemia de Covid-19 ressaltou a necessidade de traçarmos uma nova rota urgentemente. Inclusive a primeira Cúpula das Nações Unidas sobre Sistemas Alimentares, realizada em setembro, buscou discutir novas ações ousadas para recuperar o caminho das metas dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Os governos acordaram que é preciso ampliar políticas públicas já existentes e adotar novas ações que promovam a produção sustentável de alimentos nutritivos a preços acessíveis e que incentivem a participação dos pequenos agricultores. Isso se faz levando em consideração as várias ligações entre as áreas que afetam os sistemas alimentares, incluindo educação, saúde, proteção social e finanças —e fazer as soluções se encaixarem.

Como indivíduos, também devemos mudar antigos hábitos de consumo de alimentos e adotar novas práticas que promovam todas as dimensões da saúde e do bem-estar, reduzam o impacto ambiental e sejam acessíveis e seguras. Também podemos mudar nossas ações diárias, desperdiçar menos e escolher um estilo de vida mais sustentável. Nossas ações são o nosso futuro, e só agindo juntos conseguiremos alcançar melhor produção, melhor nutrição, melhor ambiente e melhor qualidade de vida.

Rafael Zavala
Representante da FAO no Brasil

Daniel Balaban
Representante do WFP no Brasil

Claus Reiner
Representante do Fida no Brasil

Gabriel Delgado
Representante do Iica no Brasil

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