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Petróleo sob dúvida

Apesar de fiasco em leilão, é prematuro dizer que caiu interesse na exploração

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Morros em praia de águas claras
Arquipélago de Fernando de Noronha - ICMBio

O resultado do 17º leilão de novas áreas para exploração de petróleo e gás foi o pior de todos os certames desse tipo, realizados desde 1999. O número de empresas inscritas —nove, das quais apenas duas apresentaram propostas— foi o menor da história, o que suscita dúvidas sobre a atratividade de novos investimentos.

Foram concedidas apenas 5 das 92 áreas ofertadas, com arrecadação de R$ 37,1 milhões em bônus de assinatura e previsão de R$ 136,3 milhões em investimentos. As áreas arrematadas estão na bacia de Santos e não houve interessados pelos blocos em áreas de proteção ambiental (Fernando de Noronha e Atol das Rocas), cuja concessão era alvo de protestos.

O fracasso do leilão pode indicar menor disposição a empreendimentos no setor, mas também parece derivar de uma conjunção de fatores específicos que ora reduziram o interesse das empresas.

O primeiro é a característica das áreas ofertadas, de maior risco exploratório. À diferença dos leilões no pré-sal, em que as empresas adquirem áreas pesquisadas e até em produção, nesse caso o potencial ainda precisa ser mapeado.

Outro fator é a maior distância da costa. Pela primeira vez foram oferecidos blocos localizados além das 200 milhas náuticas que delimitam a área de exploração econômica exclusiva do Brasil, o que encarece o projeto.

Por fim, nas áreas próximas a reservas ambientais são mais altas as incertezas quanto à obtenção de licenças. Não é necessário nem desejável que o país aceite abrir a exploração de petróleo a ponto de colocar em risco tais santuários.

Tudo sugere, portanto, que a combinação de elevados riscos de exploração, logísticos e ambientais reduziu o interesse das empresas, que também já contam com grande carteira de projetos ainda por ser desenvolvida no país, após tantos leilões nos últimos anos.

O momento mundial também é difícil. A necessidade de ampliação de produção para fazer frente à elevada demanda de energia que advém da retomada econômica exige mais investimentos das empresas em áreas maduras.

Seria prematuro, dadas essas circunstâncias, concluir que o interesse em exploração declinou. Quanto à transição mundial para fontes de energia sustentáveis, embora tal direção seja inequívoca, a demanda por combustíveis fósseis ainda deve permanecer elevada por ao menos uma ou duas décadas.

editoriais@grupofolha.com.br

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