Com mais de 85% da população com a vacinação completa contra a Covid-19 —o país é líder mundial neste critério—, Portugal conclui seu processo de reabertura nesta sexta-feira (1º).
Acabam limitações de horário e de lotação, assim como a obrigatoriedade de máscara em algumas situações. Fechados desde março de 2020, bares e discotecas podem voltar a funcionar.
A alta cobertura vacinal permitiu que casos, internações e mortes seguissem sob controle, mesmo com a disseminação da variante delta, que há mais de três meses é dominante no país.
O sucesso atual contrasta com o caos de janeiro de 2021, quando, após decisão do governo de afrouxar regras de deslocamento e aglomeração no Natal, houve uma explosão de casos de Covid-19 que obrigou o país a pedir ajuda internacional.
O premiê socialista António Costa parece ter aprendido a lição: investiu em um restritivo lockdown de quase três meses —mais duro do que aquele do começo da pandemia— e tratou de agilizar o processo de imunização.
A vacinação, que começou lenta e sob denúncias de favorecimento, deslanchou após a convocação de um militar especialista em logística para sua coordenação.
Pautando-se por critérios científicos e rejeitando (pelo menos até agora) envolvimentos políticos, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo virou uma espécie de herói nacional.
Em outra frente, a entidade que regula a atuação dos médicos combateu a postura de profissionais negacionistas. Embora tenha garantido a autonomia para receitar medicamentos sem eficácia comprovada, o órgão abriu processos disciplinares contra nomes que se destacavam na desinformação, minguando a adesão a essas iniciativas.
Ao acompanhar o sucesso da vacinação e do controle da pandemia em Portugal, fica difícil não imaginar como as coisas estariam no Brasil caso dirigentes médicos e nosso próprio militar especialista em logística tivessem agido de forma diferente.
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