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Renan Ferreirinha

A urgência do ensino presencial obrigatório

É fundamental trazer para a sala de aula os alunos que ficaram pelo caminho

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Renan Ferreirinha

Secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro

A pandemia de Covid-19 deixou claro que o Brasil precisa rever suas prioridades. Apesar das evidências de que a educação promove desenvolvimento social, econômico e humano, o país demorou a perceber que era inaceitável manter as escolas fechadas por tanto tempo.

Ao longo do último ano e meio, foram muitas batalhas para convencer os agentes públicos e a sociedade de que era imperativo enxergar os prejuízos para nossas crianças e jovens, em especial os mais vulneráveis. Prejuízos não só na aprendizagem, mas também na segurança alimentar, no acolhimento emocional e no convívio social.

Na cidade do Rio de Janeiro, começamos o retorno presencial às aulas em fevereiro, pouco mais de um mês após a mudança de governo. Estudamos as melhores práticas internacionais e elaboramos um rígido protocolo sanitário, aprovado pelo Comitê Científico da Prefeitura, órgão independente formado por especialistas renomados. O retorno deu-se de forma gradual, à medida que as escolas foram se adequando às condições sanitárias e de infraestrutura exigidas. Atualmente, todas nossas escolas estão funcionando de forma presencial, sem rodízio.

Recentemente, anunciamos também a decisão de tornar obrigatória a frequência às aulas presenciais no Rio. É a continuidade de um processo e representa o avanço para a garantia do direito à educação. E não é possível assegurá-lo de forma plena sem trazer para a sala de aula os estudantes que ficaram pelo caminho no longo período de fechamento das escolas. Aceitar essa exclusão não pode ser uma escolha. Uma das motivações para tornar o retorno obrigatório é justamente resgatar esses alunos e acolhê-los, criando as condições ideais para a aprendizagem e o desenvolvimento amplo.


E não há tempo a perder: só na nossa rede municipal, 25 mil alunos não estão interagindo com a escola remotamente nem indo presencialmente. Nós não vamos cruzar os braços e achar que isso é normal. Cada criança fora da escola é uma tragédia. Até porque, se não for a escola para nossas crianças, o que será? Para muitos, o que resta é a rua, o crime organizado e o trabalho infantil.

Diante da magnitude do desafio, implementamos diferentes iniciativas de busca ativa. Um bom exemplo é a parceria com a Unicef para identificar alunos ausentes e as causas do abandono escolar. Mas, sem dúvida, a estratégia definidora para resgatar o vínculo ocorre na escola e é liderada por incansáveis diretores e professores, a partir da mobilização de responsáveis, alunos e organizações sociais. Nenhum aluno pode ficar para trás.

Uma das lições que se aprende no processo de retomada às aulas 100% presenciais é a de que o diálogo constante é tão importante quanto o planejamento. É essencial gerar confiança para envolver a sociedade. Além disso, uma comunicação aberta e responsável é crucial. Não pode haver dúvidas de que a escola é o espaço mais adequado, sob quaisquer aspectos, para uma criança estar. No momento atual e sempre. A escola é lugar de aprendizagem, segurança, convivência e afeto. É a prioridade.

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