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Choque de mortalidade

Covid impulsiona alta do número de óbitos, o que tende a se repetir em 2021

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Vista aérea de covas para vítimas da Covidn o cemitério da Vila Formosa, em São Paulo - Lalo de Almeida - 3.ago.20/Folhapress

Dados revelados pelo IBGE nesta semana fornecem um retrato trágico dos impactos provocados pela Covid-19 na sociedade brasileira.

Foram registrados, no ano passado, nada menos que 1.510.068 óbitos no país, de acordo com as Estatísticas do Registro Civil, publicadas anualmente pelo instituto.

Mais impressionante que o número em si, porém, é o crescimento anotado. A cifra representa um aumento de 14,9% na comparação com 2019. Trata-se, de longe, da maior variação percentual de mortes de um ano para outro desde 1984 —à época, contudo, a subnotificação era bem mais expressiva do que se mostra agora.

Em 2018 e 2019, por exemplo, as elevações do indicador em relação aos anos precedentes foram, respectivamente, de 0,7% e 2,6%.

Embora o crescimento de 195.965 mortes registrado em 2020 seja bastante próximo dos 194.976 óbitos por Covid-19 confirmados pelo consórcio de veículos de imprensa no mesmo período, deve-se considerar, para efeitos de comparação, que os dois levantamentos se baseiam em fontes e metodologias diferentes.

Ainda assim, o impacto descomunal da pandemia fica evidente quando se observa o perfil etário dos óbitos. O aumento de mortes no ano passado na população acima de 60 anos, grupo mais suscetível às formas graves da doença, foi de espantosos 148.561, equivalente a 75,4% da variação total de mortes na comparação com 2019.

Inversamente, a quantidade de mortes entre menores de 15 anos caiu 15,1%. Parte desse declínio
—notadamente entre bebês com menos de 1 ano— pode ser atribuída, segundo o IBGE, à queda no número de nascimentos, cujo total em 2020 foi de 2.678.992, uma redução de 4,7% ante 2019.

Ainda que os óbitos tenham crescido em todas as unidades da Federação, tal incremento distribuiu-se de forma desigual no país.

O maior deles, não por acaso, ocorreu no estado do Amazonas, cujo sistema de saúde colapsou no ano passado em razão da pandemia. Registraram-se ali 31,9% a mais de mortes que em 2019. Na outra ponta da lista ficou o Rio Grande do Sul, que conheceu números relativamente baixos da doença em 2020, com uma alta de 4%.

Diante do impacto da Covid-19 na dinâmica demográfica nacional, é forçoso lembrar que quase 70% de todas as mortes causadas pela doença no país —mais de 612 mil— se deram em 2021.

Não constituirá surpresa, portanto, se o escabroso aumento de óbitos verificado em 2020 vier a ser superado neste ano.

editoriais@grupofolha.com.br

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