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Contrastes na Covid

Estatísticas mostram Brasil em situação favorável diante da desenvolvida Europa

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Vacinação contra a Covid-19 em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Já se foi o tempo em que os números do Brasil relativos ao coronavírus —casos, mortes ou vacinação— ficavam entre os piores do mundo. A pandemia parece controlada por aqui, e países como os Estados Unidos e vários da Europa vivem situação muito pior, embora não esteja bem claro por quê.

Hoje algo como 50 a cada 1 milhão de brasileiros recebem confirmação de Covid-19 a cada dia. O país fica abaixo da média mundial, superior a 60 por milhão.

A desenvolvida Europa ultrapassa a casa de 380 novos casos diários por milhão, mais de sete vezes o número do Brasil. O Reino Unido tem 565/milhão, a Alemanha, 468, e os EUA, 253. São espantosas as cifras da Holanda, 847, e ainda mais as de países do Leste Europeu, como a República Tcheca (1.025).

As médias móveis de mortes também falam a favor da saúde pública brasileira, com 16 por milhão de cidadãos falecidos a cada dia. Um pouco acima da média global (12,7) e sul-americana (12,4), verdade. Nada escandaloso, contudo, diante da cifra europeia (68,3) ou da norte-americana (48,9).

O desempenho do programa de vacinação nacional, que destacou o Brasil no panorama mundial desde as últimas décadas do século 20, ajuda a explicar esse estado de coisas. Mesmo com a desídia e a antipropaganda do presidente Jair Bolsonaro, o Estado funciona à sua revelia e já garantiu a primeira dose a mais de três quartos da população em dez meses.

Para comparação, pouco mais da metade das pessoas no mundo receberam a imunização parcial. Estamos à frente da Alemanha (70%) e dos EUA (68%), mas atrás do Chile (87%) e de Portugal (89%), onde a quantidade inferior de habitantes e sua distribuição por territórios menores facilitam a logística.

Não se encontra uma correlação direta e linear entre vacinação e gravidade das epidemias nacionais, entretanto. Brasil e Reino Unido, por exemplo, têm parcela similar de parcialmente imunizados (76% e 74%, respectivamente), mas ocorre entre britânicos o dobro de mortes, proporcionalmente, do que se vê por aqui.

Cada país passa por momentos diferentes da pandemia. Uns veem arrebentar uma quarta onda mortífera, enquanto noutros ela ou não se materializa ou não mata tanto. Está ainda por detectar boa explicação para o fato de no Brasil a variante delta não ter dizimado tanta gente quanto noutras paragens.

Seria rematada ilusão, diante de tanta variabilidade mal compreendida, dar a Covid por domada no Brasil. Urge completar o esquema vacinal, ainda abaixo de 60%, garantir doses para acelerar o reforço e observar a devida cautela ao afrouxar regras de distanciamento social e uso de máscaras.

editoriais@grupofolha.com.br

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