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Empresas respiram

Balanços mostram bons dados, mas inconsistência da política econômica é ameaça

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Painel da Bolsa de São Paulo - Rahel Patrasso - 29.out.18/Xinhua

Apesar da instabilidade crescente na economia, as empresas brasileiras de capital aberto conseguiram apresentar bom desempenho nos últimos meses. A persistência da inflação e o aumento dos juros que derivam da falta de rumo da política econômica, porém, já apontam para riscos em 2022.

Como vem ocorrendo na maior parte do mundo, os estímulos governamentais e o choque favorável na demanda por itens de consumo contribuíram para o aumento das vendas e dos lucros, uma vez passado o pior momento da Covid-19.

É o que se observa também no Brasil, mesmo em meio às intempéries locais. Os dados de 298 empresas coletados pelo jornal Valor Econômico mostram alta de 33% da receita liquida no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado.

Como os custos se elevaram menos, a margem operacional subiu 3,2 pontos percentuais, para 16%.

O desempenho também se reflete na arrecadação de impostos, que cresceu 4,9% em outubro (já descontada a inflação) ante o mesmo mês de 2020. Na comparação com outubro de 2019, que não leva em conta a base deprimida durante a pandemia, o incremento se mostra ainda maior, de 15%.

O principal fator para esse crescimento é o salto na coleta do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

O risco adiante é que a esperada desaceleração das vendas se combine com persistentes pressões de custos. Depois de evidenciado que o governo patrocinaria o estouro do teto de gastos federais inscrito na Constituição, dispararam as expectativas de inflação e os juros de mercado, que devem novamente superar 10% nos próximos meses.

As projeções mais consensuais para a expansão do Produto Interno Bruto em 2022 caíram de 2% para 0,7% em poucas semanas.

Será preciso reverter essa dinâmica nefasta, mas pouco ou nada se espera de construtivo da gestão econômica da atual gestão.

A boa notícia é que os ajustes patrimoniais que eram necessários para corrigir os excessos de endividamento e os investimentos mal feitos antes da recessão de 2015 já foram completados. As maiores empresas, notadamente a Petrobras, passaram anos ajustando seus balanços e recuperando a disciplina financeira.

Se durante esse processo de ajuste houve baixo investimento e letargia na atividade, ao menos a situação atual se afigura bem melhor. A rentabilidade das empresas, ao menos as de capital aberto, é alta e não constitui impeditivo para a retomada do crescimento.

Isso, claro, desde que haja sinais concretos de uma política econômica consistente —algo que dependerá da campanha eleitoral.

editoriais@grupofolha.com.br

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