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Fiasco em Roma

Com isolamento no G20 e agressões a jornalistas, Bolsonaro produz novo vexame internacional

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Homem branco sorridente, de cabelo escuro, vestido com jaqueta escura, saindo de um carro oficial com o braço direito erguido e o polegar levantado em sinal de positivo. Pessoas acenam para ele. Repórteres estendem microfones em sua direção. Eles estão ao ar livre, numa rua em que é possível ver casas antigas ao fundo.
O presidente Jair Bolsonaro cumprimenta apoiadores ao chegar à embaixada do Brasil na Itália. - José Dias - 29.out.2021/Presidência da República

Na agenda dos líderes mundiais que se reuniram para o encontro de cúpula realizado em Roma no fim de semana, havia assunto para todos que tivessem alguma contribuição a oferecer. Não era este o caso de Jair Bolsonaro.

Sua participação na reunião do G20, grupo que congrega as maiores economias do planeta, serviu apenas para manchar ainda mais a combalida reputação internacional do Brasil, reforçando o isolamento a que sua gestão ruinosa conduziu o país.

Sem ter aproveitado a oportunidade para dialogar com os demais chefes de Estado presentes, restou ao presidente brasileiro o papel de figurante nos encontros oficiais, vagando pelos salões como um bufão, o olhar perdido em busca de alguém para conversar.

Como mostraram as imagens constrangedoras que vieram a público, Bolsonaro foi ignorado até quando tentou puxar assunto com os garçons. O melhor que conseguiu foram dois minutos de interação com o presidente da Turquia, Recep Erdogan, em que contou lorotas sobre a situação do país.

Sentado à frente do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, o brasileiro debochou das acusações que sofreu no Brasil por causa de sua negligência no enfrentamento da Covid-19. Seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, gargalhou a seu lado.

Bolsonaro deixou quatro vezes a embaixada brasileira em Roma, onde se hospedou, para passear pela cidade e confraternizar com pequenos grupos de admiradores que foram vê-lo. Em toda parte encontrou também manifestantes que expressaram reprovação a seu desgoverno, inclusive estrangeiros.

No domingo (31), seguranças brasileiros e italianos que acompanhavam sua comitiva agrediram e tentaram intimidar jornalistas brasileiros que cobriam mais um de seus passeios e tentavam se aproximar dele para fazer perguntas.

Bolsonaro ignorou os questionamentos dos repórteres, chegando a hostilizar um deles, e assistiu impassível à truculência dos agentes que investiram contra os profissionais, encerrando a caminhada após menos de dez minutos.

Houve mais tumulto nesta segunda-feira (1º), quando ele foi receber uma honraria em Anguillara Vêneta, cidade em que um de seus bisavós nasceu. Na vizinha Pádua, por onde também passou, a polícia usou jatos de água para dispersar uma manifestação de opositores.

Felizmente, o presidente desistiu de participar da reunião de cúpula sobre a crise do clima que se iniciou em Glasgow, na Escócia. Seu descaso com o meio ambiente tornou o encontro especialmente desafiador para a diplomacia brasileira. Pelo que se viu na Itália, sua presença só serviria para atrapalhar.

editoriais@grupolha.com.br

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