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Involução na Capes

Além do Inep, órgão responsável por avaliação e bolsas de pós enfrenta debandada

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O ministro Milton RIbeiro, da Educação - Pedro Ladeira/Folhapress

Primeiro o Inep, agora a Capes. Prossegue a toque de caixa o desmonte de instituições destinadas à formação de jovens brasileiros na gestão do ministro da Educação, Milton Ribeiro. No MEC sob Jair Bolsonaro, até a pós-graduação toma o rumo da pré-história.

Repetindo o gesto extremo de coordenadores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais na antevéspera do Enem, meia centena de pesquisadores da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior encaminharam ao ministério pedidos simultâneos de renúncia.

Entre os pioneiros estavam três coordenadores e 18 consultores de avaliação de cursos de pós na área de astronomia. Seguiram-nos colegas do campo da matemática, outros três gestores e 28 pareceristas.

A debandada teve por motivo, segundo os demissionários, a pressão para aprovarem novos cursos presenciais e, em especial, a distância. Eles ainda deploram alegado descaso da direção da Capes na retomada da avaliação dos programas de pós-graduação.

A categorização do sistema de pós sempre foi uma pedra no sapato de instituições acadêmicas, porque dá transparência ao público da qualidade aferida por especialistas independentes a serviço do MEC. Universidades particulares são as mais refratárias à avaliação, porque perdem prestígio e alunos ao sofrer rebaixamento, arriscando-se até a perder o credenciamento.

São 49 áreas de avaliação, agrupadas em nove campos temáticos e três "colégios" —a defecção por ora afetou mais um deles, o que reúne ciências exatas e da Terra. A avaliação realizada de quatro em quatro anos, alternando áreas, foi suspensa em setembro por decisão liminar da Justiça.

Coordenadores em retirada criticam a Capes por não se empenhar no recurso judicial e por tentativas da direção de autorizar a abertura de novos cursos por programas que não passaram pelo processo quadrienal. O MEC alega que as instituições ficam prejudicadas ao se verem impedidas de abrir turmas de mestrado e doutorado.

A Capes tem como presidente Claudia Mansani Queda de Toledo, doutora em direito pelo Instituto Toledo de Ensino, de Bauru (SP), que pertence à sua família. O ministro graduou-se na mesma instituição, cuja pós já teve nota rebaixada, mas, após recurso à Capes, viu seu conceito elevado para 4, em 2020, numa escala de 7.

Parecem não ter fim os desmandos no MEC. Seria surpresa colher resultados diversos após Bolsonaro entregar a educação a uma sucessão de dirigentes despreparados, empenhados em impor à pasta uma agenda retrógrada.

editoriais@grupofolha.com.br

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