Tal como na entrada de 2021, as esperanças para este ano estão voltadas para a superação da pandemia e para a retomada da normalidade, na vida e na economia.
Com o avanço da vacinação, é plausível que o mundo vislumbre a possibilidade de convivência com o vírus e assim possa retomar gradualmente atividades ainda afetadas ao longo de 2022.
Se os melhores cenários para a doença se confirmarem, haverá continuidade da expansão econômica, sobretudo nos serviços mais intensivos em trabalho, e será possível reduzir o desemprego que grassa na maior parte do mundo.
Já a permanência de restrições, se necessária, também manterá a demanda por proteção social e trará novas dificuldades para a gestão dos orçamentos públicos, com os riscos associados, como inflação e descontrole financeiro.
A escalada de preços, aliás, é outro tema que dominará as atenções. Em 2021 o choque inflacionário se revelou mundialmente de modo mais amplo e persistente que o esperado. Agora, a expectativa é de normalização gradual dos gargalos logísticos e de produção, o que contribuiria para estabilizar o poder de compra.
Mas o risco de um fenômeno mais duradouro está presente e já domina a ação dos principais bancos centrais do mundo, levando a juros mais altos e condições financeiras mais restritivas.
O lado positivo é que as expectativas de inflação de longo prazo ainda estão baixas, sugerindo que não será preciso jogar a economia mundial numa nova recessão para conter os índices.
A atenção dos mercados financeiros estará voltada para qualquer evidência que lance sombras sobre esse quadro ainda benigno.
O ambiente internacional parece compatível com um ciclo ainda longo de crescimento, embora condicionado a uma evolução favorável da pandemia. As principais regiões do mundo devem ter crescimento. Mesmo a China, que mantém tolerância zero com o vírus e enfrenta prolongada desaceleração em setores importantes, ainda deve sustentar atividade vigorosa.
O panorama global, assim, não se revela negativo para o Brasil, cujo desempenho dependerá do retorno a políticas públicas minimamente consistentes em áreas fundamentais como saúde, educação e gestão orçamentária. O governo Jair Bolsonaro não vai propiciar neste ano tal esperança, que ficará condicionada ao debate eleitoral.
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