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O que a Folha pensa inflação

Inflação empobrece

Alta de preços, alimentada por irresponsabilidade fiscal, faz a renda desabar

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Fila para recadastramento no Auxílio Brasil, em Salvador - Mauro Akiin Nassor/Fotoarena/Agência O Globo

Como seria de esperar, chegou a pior consequência da inflação. A corrosão do poder de compra levou a renda média das famílias ao menor nível em quase dez anos.

Para os que minimizam as consequências sociais da disparada dos preços, eis um dado que deveria mobilizar o país em prol de uma política econômica responsável, que preze a solidez das contas públicas justamente para que se possa proteger os mais pobres.

Segundo o IBGE, a renda média do trabalho ficou em R$ 2.459 no terceiro trimestre deste ano, próxima ao menor registrado desde o início da coleta da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, no primeiro trimestre de 2012. A retração ante o mesmo período de 2020 foi de 11,1%, a maior da série histórica.

Além do prejuízo provocado pela inflação, que chegou a 10,67% nos 12 meses encerrados em outubro, a perda decorre da pandemia e do perfil da retomada do emprego.

As vagas criadas nos últimos meses têm ido primordialmente para trabalhadores sem carteira assinada, de salários mais baixos, e por conta própria sem CNPJ. A informalidade atingiu 40,6% da população ocupada, o que significa 37,7 milhões de pessoas.

Ao menos houve alguma melhora do mercado. A população empregada ficou em 93 milhões, uma alta de 4% (3,6 milhões a mais) em relação ao trimestre anterior e de 11,4% (9,5 milhões a mais) ante o mesmo período do ano passado.

Com esse resultado, a taxa de desocupação recuou para 12,6%, uma queda sensível na comparação com os piores momentos da crise sanitária —eram 14,9% entre julho e setembro do ano passado.

O alento é pequeno, no entanto, pois a inflação deste ano foi ente cruel ao atingir sobretudo itens de primeira necessidade, como alimentos, energia e combustíveis.

A incompetência na gestão da Covid-19 e, mais recentemente, a postura irresponsável do governo e do Congresso na gestão dos recursos públicos corroeram a credibilidade da política econômica e magnificaram o problema.

A alta dos juros para combater a inflação aumenta os riscos recessivos para 2022 e certamente terá impacto na geração de emprego.

Infelizmente, a reversão desse quadro dependerá da apresentação de um programa econômico sério durante a campanha eleitoral. Espera-se, ao menos, que a população mostre mais uma vez nas urnas que não tolera inflação.

editoriais@grupofolha.com.br

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