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Linhas vermelhas

Impasse entre Rússia e Ocidente sobre Ucrânia se arrasta de forma mais perigosa

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Os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, em montagem - Mandel Ngan e Mikhail Metzel/AFP

Por duas horas e cinco minutos nesta terça (7), os presidentes que controlam mais de 90% das armas nucleares do planeta discutiram o impasse em torno da Ucrânia.

Como seria esperado, não houve nenhum avanço visível, apenas a reiteração por parte de Joe Biden e de Vladimir Putin das chamadas linhas vermelhas percebidas pelos líderes dos EUA e da Rússia.

Há quase oito anos, o mapa europeu foi redesenhado por Putin, que recuperou o presente dado pelo soviético Nikita Khruschov à Ucrânia, onde fizera carreira.

A anexação da Crimeia, aprovada pela maioria dos russos étnicos que lá vivem, foi uma resposta ao movimento que derrubou o governo pró-Kremlin em Kiev naquele 2014. Não reconhecida pela comunidade internacional, ela é um fato consumado sob a ótica política.

Já a situação no leste ucraniano era mais complexa, até pela maior heterogeneidade étnica e peso industrial da região do Donbass. Uma guerra civil foi estabelecida, um cessar-fogo mambembe, alcançado, e na prática há um encrave separatista autônomo em vigor.

Kiev, por óbvio, não está satisfeita. Não aceita os termos mediados por russos e ocidentais, que garantem direitos especiais aos rebeldes.

De tempos em tempos, a situação volta a esquentar. Já morreram 14 mil pessoas no conflito. Neste ano, Putin mobilizou tropas perto das fronteiras, gerando sirenes em todo o Leste Europeu. Queria evitar uma ação militar dos ucranianos contra separatistas —e conseguiu, ao fim. Mas a crise segue.

A Rússia não aceita uma Ucrânia integrada ao Ocidente pois, historicamente, o vizinho e a Belarus formam áreas de profundidade estratégica, alongando rotas de invasão e separando tropas adversárias.

Esta é a linha vermelha de Putin. A de Biden, uma invasão militar que o americano denuncia como iminente desde que o russo voltou a concentrar forças na área.

Putin provavelmente só está jogando com o temor para tentar uma acomodação que lhe seja favorável, dado que os riscos de uma escalada envolvendo a Otan são muito grandes. Porém ele já os assumiu na Crimeia antes, e nada garante que não tentará de novo.

Biden ameaçou novas sanções econômicas e medidas como o reforço militar de membros da Otan em caso de invasão, algo que ocorreu após 2014. Já Putin quis em vão garantias de que a Otan não irá se expandir. De impasse em impasse, a situação fica mais perigosa.

editoriais@grupofolha.com.br

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