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PIB no chão

Economia tem novo trimestre ruim e projeta, quando muito, alta medíocre em 2022

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Fila se forma no Ceagesp, em São Paulo, para doação de frutas e verduras para a população - Danilo Verpa/Folhapress

A economia está estagnada, com risco considerável de quedas recorrentes de produção e renda —vale dizer, do Produto Interno Bruto— nos próximos trimestres.

O desempenho do ano de 2022 ainda é uma incógnita, mas as possibilidades estão limitadas por deficiências crônicas, pela alta dos juros, pela inflação e por incertezas agravadas em razão do eleitoral.

Ainda que o PIB viesse a se expandir em 0,5% a cada trimestre a partir do final deste 2021, o ano que vem terminaria com um crescimento de apenas 1,5%, similar à média de 2017 a 2019.

Ou seja, em uma hipótese agora otimista, a economia voltaria àquele mesmo padrão de desempenho menos do que medíocre.

Tal perspectiva tornou-se mais clara com a divulgação do resultado do PIB de julho a setembro, uma contração de 0,1%. Ao longo de 12 meses, o produto avançou 3,9%. Ao final de 2021, terá aumentado o bastante para compensar as perdas do ano de maior impacto econômico da epidemia, 2020. Mas a recuperação rápida teve fim no primeiro trimestre deste ano.

Os números ruins desde então se devem também a choques diversos, mais ou menos circunstanciais. A inflação corroeu o rendimento do trabalho e minou a confiança dos consumidores.

Parte da elevação aguda e persistente dos preços decorreu de fatores externos, no entanto agravados pela desvalorização do real, provocada pelo tumulto institucional e pela perspectiva de nova escalada da dívida pública.

A consequente alta de juros e as convulsões domésticas derrubaram também o ânimo das empresas de investir. A escassez mundial de insumos industriais teve seu peso no terceiro trimestre seguido de decréscimo da produção do setor.

A seca elevou os preços de energia e provocou uma grande retração na produção agrícola, motivo circunstancial forte do recuo do PIB.

O setor de serviços ainda mostrou recuperação razoável no período. Assim pode prosseguir, a depender das vicissitudes da epidemia. As perspectivas para a safra no momento são positivas.

É possível que estados e municípios apliquem seus caixas bem fornidos em obras. Pode haver surpresas positivas na crise hídrica elétrica e no choque mundial de energia, o que traria alívio para a inflação, ainda que tardio.

No entanto, mesmo que 2022 ainda possa vir a ser menos negativo do que ora se prevê, juros e inflação altos vão cobrar seu preço. Caso se confirme esse cenário de estagnação, também devem desacelerar de modo relevante as melhorias no nível de emprego.

Não há muito mais o que fazer a não ser evitar degradação maior e ainda mais conturbação da política econômica. Candidaturas presidenciais responsáveis podem ajudar a conter danos com planos coerentes e politicamente viáveis.

editoriais@grupofolha.com.br

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