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Reação à ômicron

Estados e municípios reveem medidas, mas Bolsonaro renega passaporte da vacina

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Vacinação contra a Covid-19 em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

O advento de uma nova variante do coronavírus, potencialmente mais transmissível, e a detecção de seus primeiros casos no Brasil têm feito com que estados e municípios reconsiderem tanto seus planos para o fim do ano como estratégias de enfrentamento do patógeno.

Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) foi prudente ao rever o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção facial em espaços abertos, que entraria em vigor no próximo dia 11.

Embora os riscos de contágio sejam reduzidos nesses locais, a adoção da medida no novo contexto poderia constituir um incentivo inadequado ao relaxamento num momento do ano que favorece aglomerações e, sobretudo, quando ainda não estão claros os perigos da nova cepa.

O governo paulista, ademais, reduziu de 5 para 4 meses o intervalo entre a segunda dose da vacina e a de reforço. A medida, válida para todos acima de 18 anos, deve permitir que 10 milhões de pessoas antecipem a nova imunização.

Pautam-se também pela cautela as decisões, já anunciadas por cerca de duas dezenas de capitais, de cancelar os eventos oficiais programados para o Réveillon.

No Rio, que ainda avalia suspender o festejo de fim de ano, o prefeito Eduardo Paes (PSD) reforçou as medidas de segurança em locais que costumam receber turistas.

O certificado de vacinação, já exigido em grandes eventos, passará a ser obrigatório em hotéis, salões de beleza, casas noturnas e bares e restaurantes fechados.

A reação de prefeitos e governadores diante do avanço da ômicron contrasta, mais uma vez, com a inação do governo federal.

Mesmo após as recomendações de Anvisa e Tribunal de Contas da União, a administração Jair Bolsonaro vem se recusando a adotar o passaporte de vacinação para aqueles que chegam no país.

Não bastasse a questão da reciprocidade, já que somente brasileiros imunizados são admitidos na Europa e nos EUA, a medida ao menos impediria que pessoas não vacinadas escolhessem como destino o território brasileiro.

Para Bolsonaro, contudo, uma providência sensata como essa extrapola limites e estimula uma "batalha política", conforme afirmou na quinta (2). Ao tratar do assunto, o mandatário voltou a exibir seu negacionismo, promovendo mais um ataque torpe aos imunizantes.

A recente pesquisa revelando que o Brasil é o país latino-americano com menor rejeição às vacinas contra o vírus, felizmente, atesta que a população faz ouvidos moucos às patranhas presidenciais.

editoriais@grupofolha.com.br

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