Um proscrito de volta aos Jardins

Lula será homenageado em jantar no domingo para mais de 500 convidados, mas ainda não é engolido pelo mercado

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Rio de Janeiro

Em 2016, após afastamento de Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já não era mais bem-vindo no 5 estrelas que costumava ocupar no Jardim Paulista. Banidos do hotel que chegou a servir de bunker para o ex-tesoureiro Delúbio Soares, os petistas passaram a se reunir em regiões menos nobres de São Paulo ou no subsolo do já decadente Maksoud Plaza.

Nas caravanas lideradas por Lula no Sul e Sudeste, optavam por vicinais e estacionavam os ônibus da comitiva —crivados de ovos— fora dos bairros das classes média e alta.

Montagem com fotos do ex-presidente Lula e do ex-governador Geraldo Alckmin
Montagem com fotos do ex-presidente Lula e do ex-governador Geraldo Alckmin - Ricardo Stuckert e Pedro Ladeira/Folhapress

Hoje com larga vantagem nas pesquisas para a Presidência, Lula volta aos Jardins no domingo como homenageado de um jantar para mais de 500 convidados. De lá, deverá sair a tão esperada fotografia de Lula ao lado do ex-tucano Geraldo Alckmin —o registro público de um noivado.

Mas nem os índices das pesquisas, nem a aparição do ex-governador, têm sido suficientes para amenizar a resistência do empresariado à candidatura de Lula. Sempre sensíveis a números, empresários de médio porte enviam tímidos sinais ao ex-presidente. Houve uns raros encontros.

Mas os donos do dinheiro ainda estão à espera de um nome da terceira via. E até mesmo petistas admitem que o setor financeiro preferiria a reeleição de Jair Bolsonaro a Lula.

Em 2002, a resistência foi quebrada graças à escolha de um empresário —​José Alencar— para a vice. E, visto como um caipira por parte da elite paulistana, Alckmin não cumpriria exatamente esse papel. Ainda assim, a especulação sobre seu nome foi a única encorajada por Lula.

À mesa do Figueira Rubaiyat, também a discussão indigesta sobre a eleição de São Paulo. Um dos patrocinadores da aproximação com Alckmin, Márcio França reivindica para si a cabeça de chapa para o governo de São Paulo. Lula quer Fernando Haddad na disputa. Nenhum dos dois tem canais sólidos com o setor financeiro.

O jantar não servirá para que o mercado engula o sapo barbudo. Três dias antes do Natal, Lula se reunirá com catadores de lixo.

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