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Oded Grajew

Agenda para o próximo presidente

Há quatro grandes prioridades para implementar um projeto de país

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Oded Grajew

Idealizador do Fórum Social Mundial, é presidente emérito do Instituto Ethos e conselheiro do programa Cidades Sustentáveis, da Oxfam Brasil e da Rede Nossa São Paulo

As eleições deste ano nos dão a oportunidade de escolher nossos representantes, mas também de discutir e elaborar um projeto para o Brasil. Quais seriam nossas prioridades? Que futuro queremos para o nosso país? Quais valores devem orientar este projeto?

Qualquer bom projeto deveria ter como objetivo oferecer a todos os brasileiros e às gerações futuras uma boa qualidade de vida. Mas como chegar até lá? A boa notícia é que sabemos o que fazer pelo exemplo de países primeiros colocados no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), no índice Gini, que mede as desigualdades, nas diversas classificações por critérios sociais, econômicos e ambientais e nas orientações dadas pelos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU).

Oded Grajew, presidente emérito do Instituto Ethos e conselheiro do programa Cidades Sustentáveis - Zé Carlos Barretta - 2.dez.19/Folhapress

Com base nestes exemplos, este projeto deveria priorizar as seguintes ações:

1 - Aprofundar a democracia participativa: implementar uma reforma política que democratize o sistema. Abrir espaços e institucionalizar a participação da sociedade em todas as áreas, no Executivo, Legislativo e Judiciário. A representação política deveria ser um espelho da sociedade, em que os diversos grupos teriam a mesma proporção da participação na população (mulheres, negros, empresários, trabalhadores etc.). Implementar total transparência em todas as instituições, ações e políticas dos Três Poderes.

2 - Reduzir as desigualdades: para qualquer coletivo humano, ser bem-sucedido é fundamental que se estabeleçam relações harmoniosas entre as pessoas. A injustiça e a desigualdade provocam a desarmonia e o conflito, além de serem eticamente condenáveis. Brasil é um dos campeões mundiais das desigualdades: sociais, econômicas, territoriais, de gênero e de raça. E, não por acaso, dos conflitos e da violência. Além disso, não redistribuir a renda é estúpido do ponto de vista econômico. É abrir mão de um potencial enorme mercado interno.

3 - Promover os direitos humanos: a Declaração Universal dos Direitos Humanos gerou tratados internacionais e estatutos e normas nacionais que procuram garantir dignidade, respeito e direitos a todos os cidadãos, independentemente de raça, idade, origem e condição social ou econômica. Estes deveriam servir de referência para decisões, políticas públicas e normas sociais.

4 - Cuidar do meio ambiente: é o que nos dá vida e que nos alimenta. Destruir o meio ambiente ameaça nossa existência e a das próximas gerações. O Brasil é o país mais rico ambientalmente do mundo. É uma fantástica oportunidade de termos um modelo de desenvolvimento que aproveita e cuida desta riqueza, tornando o Brasil uma liderança mundial do desenvolvimento sustentável.

Para implementar este projeto de país, o próximo presidente deveria ter sob seu direto comando os responsáveis —como "ministros especiais"— por cada uma destas quatro grandes prioridades. Deveriam ter o poder de agir para que cada ministério incorporasse tais diretrizes em suas ações e estabelecesse metas, tendo como referência os ODS.

Sabemos o que e como fazer. O Brasil, sendo a 13ª maior economia do mundo, tem os recursos necessários para implementar esse projeto. Só depende da vontade política de adotar e implementar as corretas prioridades.

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