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O que a Folha pensa

Clareza de propósito

Frente ao quadro econômico, é fundamental que candidatos ao Planalto detalhem planos desde já

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TSE apresenta as novas urnas eletrônicas, que devem ser usadas em 2022 - Abdias Pinheiro/Secom/TSE

Na partida do ano eleitoral, esta Folha publicou artigos e entrevistas com os assessores econômicos de quatro dos candidatos mais bem posicionados nas pesquisas.

Participaram os colaboradores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB). Assessores dos demais candidatos, assim como do presidente Jair Bolsonaro (PL), não quiseram se manifestar.

Embora a lógica convencional diga que não há incentivo para as campanhas anteciparem propostas, a emergência nacional exige transparência desde cedo para que o país faça uma escolha informada. As transformações globais, aceleradas pela pandemia, demandam disposição política para amplas reformas que precisam ser debatidas já.

As análises das candidaturas têm pontos em comum. O principal é a necessidade de recuperação da capacidade do Estado em fazer políticas públicas. Requalificar a ação estatal, de fato, é condição para que o país possa reverter os retrocessos do governo atual e superar o quadro de estagnação e concentração de renda das últimas décadas.

A recuperação da estabilidade fiscal se insere nesse contexto, pois sem ela não será possível controlar a inflação e manter os juros baixos.

As divergências quanto aos meios para obtê-la logo aparecem, sobretudo em relação à atual âncora fiscal, o teto de gastos, defendido pela candidatura Doria, mas que, na opinião de Lula e Ciro, deveria ser reformado, especialmente no que tange aos investimentos públicos.

De um modo geral, os economistas ligados à centro-direita pregam um Estado enxuto, com ação focada em áreas de alto retorno social, além de boa regulação para incentivar investimentos privados.

Para a centro-esquerda, o papel do Estado é mais amplo. Na plataforma de Ciro, além da estabilidade macro, seria necessária a retomada dos investimentos públicos em larga escala, coordenando a iniciativa privada num plano nacional de desenvolvimento. O foco na indústria, caro ao desenvolvimentismo, aparece com clareza.

O tema do meio ambiente também figura com ênfases distintas, mas não deixa de ser curioso que tenha sido a direita a falar em carbono e desmatamento zero.

No entanto, é o artigo de Guido Mantega, representante de Lula, que destoa ao ignorar erros petistas sem apresentar propostas para o futuro. As pertinentes críticas ao governo Bolsonaro logo dão lugar a um resgate das mesmas receitas de tutela do Estado sobre investimentos e a retomada de políticas industriais, apesar dos repetidos fracassos nessa área.

O ano eleitoral está só começando, mas será fundamental que as campanhas desçam cada vez mais aos detalhes daqui para frente.

editoriais@grupofolha.com.br

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