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Caminho estreito

Desempenho fraco na largada e articulação de Lula com o centro pressionam 3ª via

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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos), em 2019 - Eduardo Knapp - 28.jun.19/Folhapress

Tem sido acidentado o percurso dos que entraram na corrida presidencial apresentando-se como opção para os eleitores que estão fartos de Jair Bolsonaro (PL) e tampouco querem o petista Luiz Inácio Lula da Silva de volta.

Até aqui, as pesquisas indicam que nenhum desses pretendentes reuniu apoio suficiente para tirar o atual ou o ex-presidente do jogo antes do segundo turno —e o desconforto cresce enquanto os números nas sondagens mudam pouco.

Lançado como candidato do PSDB em novembro, quando venceu uma tumultuada prévia interna, o governador João Doria alcançou no máximo 4% das intenções de voto desde que pisou em campo.

Adversários de Doria começam a se mexer para explorar o descontentamento interno e cogitam até lançar por outra sigla o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, derrotado nas prévias.

O ex-juiz Sergio Moro (Podemos), que também entrou na pista no fim de 2021, aparece nas pesquisas empatado com Ciro Gomes (PDT), cada um com no máximo 9% das preferências. Ambos continuam longe de representar ameaça a Lula ou Bolsonaro.

Duas máquinas políticas expressivas, o MDB, que lançou a senadora Simone Tebet (MS) como opção, e a União Brasil, resultado da recém-consumada fusão do PSL com o DEM, ainda não definiram o rumo a tomar na sucessão.

De acordo com os levantamentos mais recentes, os eleitores que veem nesses nomes uma alternativa eleitoral demonstram pouca convicção. A maioria afirma que poderá trocar de camisa se outro personagem com maior apelo surgir.

A situação é diametralmente oposta para os que estão na frente da corrida. A maioria dos apoiadores de Lula e Bolsonaro diz que sua opção é definitiva e não pensa em mudar de opinião.

A nove meses da eleição, é obviamente prematuro concluir que o quadro se manterá inalterado até o encontro do país com as urnas. Mas o momento é sem dúvida inóspito para a chamada terceira via.

Com mais de 45% das intenções de voto, Lula tem aproveitado a vantagem para ampliar o espectro de suas alianças. Ofereceu a vaga de vice ao ex-governador Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB e está sem partido, e estendeu a mão para siglas partidárias que estão à sua direita, como o PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab.

Os resultados dessas articulações ainda são incertos, e elas certamente alimentarão tensões com os seguidores de Lula à esquerda se prosperarem. O efeito mais imediato da movimentação, entretanto, será tirar oxigênio dos que acreditavam corresponder aos anseios do eleitorado que busca outro caminho, mais ao centro.

editoriais@grupofolha.com.br

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