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Rédeas institucionais

Após novos atritos, Supremo volta a lembrar Bolsonaro dos limites que o contêm

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O presidente do STF, ministro Luiz Fux - Rosinei Coutinho/SCO/STF

Jair Bolsonaro voltou a exibir desconforto com os limites estreitos em que se move desde a suspensão de seus ataques contra o Supremo Tribunal Federal, que chegaram ao auge com as arruaças golpistas de setembro.

No início de janeiro, o mandatário criticou os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, acusando ambos de trabalhar pela candidatura de seu principal adversário na corrida presidencial, o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Na semana passada, Bolsonaro se recusou a atender uma intimação de Moraes para depor sobre sua participação no vazamento de informações sigilosas de uma investigação que examinou um suposto ataque cibernético ao Tribunal Superior Eleitoral.

A delegada à frente do inquérito da Polícia Federal concluiu que Bolsonaro cometeu crime ao divulgar dados do caso no ano passado, quando ele os usou para fazer mais uma abjeta tentativa de disseminar dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas.

O depoimento marcado pelo ministro do STF era a chance que Bolsonaro tinha para justificar suas ações antes da conclusão do inquérito, mas ele preferiu não comparecer, alegando que assim exercia seus direitos como investigado.

Com a popularidade em baixa e as eleições se avizinhando, o presidente faz o que pode para manter seus apoiadores mais radicais mobilizados. Alimentar a fantasia de que as autoridades arquitetam fraudes para impedir sua vitória eleitoral faz parte do plano.

Bolsonaro joga na confusão, submetendo as instituições a estresse permanente, mas é fácil perceber que suas provocações caem com frequência cada vez maior no vazio.

Nesta terça (1), coube ao ministro Luiz Fux, presidente do STF, recordar ao mandatário inquieto os limites que o constrangem. "Não há mais espaços para ações contra o regime democrático e para violência contra as instituições públicas", discursou, na reabertura dos trabalhos do Judiciário.

O ministro Alexandre de Moraes assumirá a presidência do TSE dentro de poucos meses, em agosto. No ano passado, ele ameaçou mandar para a cadeia os que tentarem sabotar o processo eleitoral espalhando mentiras como as que Bolsonaro patrocina.

Em setembro, a ministra Rosa Weber chegará à presidência do STF. Foi ela quem mandou suspender a execução das emendas orçamentárias dos aliados de Bolsonaro no centrão no fim do ano, exigindo mais transparência para a liberação dos recursos.

Se é certo que as tensões entre os Poderes tendem a crescer com a proximidade das eleições, caberá ao Judiciário fazer valer a disposição enérgica anunciada até aqui.

editoriais@grupofolha.com.br

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