Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

Desastre educacional

Exame paulista evidencia efeito devastador da pandemia e urgência de recuperação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Escola pública em São Paulo, antes do retorno integral dos alunos - Zanone Fraissat - 18.out.21/Folhapress

Os dados do Saresp, o exame que avalia as habilidades acadêmicas dos alunos da rede paulista, confirmaram as piores expectativas quanto aos impactos da pandemia no aprendizado. Como se esperava, o longuíssimo período sem aulas presenciais levou a um desastre educacional, a demandar ações urgentes do poder público.

Os resultados da prova, aplicada em dezembro a cerca de 640 mil alunos do 5º e 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio da rede estadual, evidenciam que crianças e jovens não só não progrediram tanto quanto deveriam como tiveram retrocesso nas duas áreas avaliadas, língua portuguesa e matemática.

Os números mais preocupantes vieram dos concluintes do ensino médio, cujas notas médias nas duas disciplinas foram as menores desde que o exame foi implementado, em 2010. Só 3,2% dos alunos apresentaram um desempenho considerado adequado em matemática; em português, foram 24%.

Assim, a esmagadora maioria dos que terminam a educação básica se mostra incapaz de identificar uma simples figura geométrica ou identificar o objetivo central de um texto curto.

Já a regressão em relação à avaliação anterior foi mais acentuada no 5º ano do fundamental.

A média em língua portuguesa caiu 8,6% na comparação com a prova de 2019, retrocedendo para um patamar semelhante ao de 2012. Cerca de metade desses estudantes não consegue compreender a mensagem de um cartaz com poucas frases e uma ilustração.

Em matemática, a queda foi ainda mais expressiva, de 9,1%, com o menor rendimento desde 2013.

Além de atestar os efeitos nocivos do fechamento prolongado das escolas, a piora geral do nível de conhecimento evidencia também as falhas do ensino remoto. Seja por suas limitações intrínsecas, seja por problemas e atrasos na implementação, o fato é que o modelo digital não conseguiu impedir a marcha à ré estudantil.

Agora que os alunos retornam às salas de aula, impõem-se, em primeiro lugar, corrigir as defasagens de ensino acumuladas e impedir o abandono escolar daqueles que apresentam maior dificuldade.

Para tanto, as medidas emergenciais propostas pela Secretaria da Educação paulista —mudanças no currículo, reforço escolar, avaliações bimestrais e reorganização temporária de turmas— parecem um caminho para evitar que uma geração de estudantes venha a ter o seu futuro comprometido.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.