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Ideias sem refino

Lula reabilita teses que levaram à catástrofe econômica da administração petista

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O ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) - Carla Carniel/Reuters

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reabilita com notável frequência as ideias responsáveis pelo maior fracasso da política econômica brasileira neste século, façanha que ele divide com a sua sucessora, Dilma Rousseff.

O político petista, que parte para a sua sexta candidatura ao Planalto como primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, pretende convencer o público incauto de que a privatização da BR Distribuidora tem relação com a alta atual do preço dos combustíveis.

Fala como se uma distribuidora, que apenas transfere produto de um local para outro, tivesse o condão de fabricar diesel, gás e gasolina. Ou talvez sugira que uma estatal pudesse amargar prejuízos para vender a preços mais baixos, a fórmula que quase levou a Petrobras à bancarrota na gestão Rousseff.

A conjectura simplória —e errada— de que, por ter custos em reais, a gigante brasileira do petróleo poderia praticar preços descolados da cotação internacional da commodity sem incorrer em perdas ou ameaçar o país de desabastecimento permeia discursos demagógicos como o do ex-presidente.

O Brasil precisa importar uma parcela dos derivados que consome. Se a Petrobras adotasse preço abaixo dos internacionais no mercado interno, a importação ficaria insustentável economicamente, criando o risco de falta de combustíveis nos postos. Foi essa ameaça que obrigou a estatal a aplicar reajustes bruscos há duas semanas.

Mas o populismo não desiste fácil nem aprende com as capotagens do passado recente. A solução, afirmou Lula nesta terça (22), seria "construir mais refinarias".

O complexo pernambucano de Abreu e Lima —prejuízo irrecuperável de US$ 18,9 bilhões, segundo o TCU— e as obras abandonadas ainda na terraplanagem de refinarias no Ceará e no Maranhão —perdas de R$ 2,8 bilhões—, sem falar da corrupção que jorrou desses projetos, deveriam fazer corar um político petista que cogite novas aventuras bilionárias nessa área.

A inclinação intervencionista do ex-presidente não chega a provocar surpresa. É assim que pensavam e continuam a pensar ele e o PT sobre a condução ideal da economia.

Caso vença a eleição, tudo indica que tais ideias permanecerão no radar do governo, ainda que sujeitas a resistências internas —na coalizão política de sustentação— e externas —nas condições objetivas para a repetição dos experimentos "desenvolvimentistas".

Sobre o segundo aspecto, o horizonte se apresenta bem mais carregado agora do que nas outras vezes em que o mandachuva petista iniciou um governo. A situação das contas públicas deteriorou-se sobremaneira, e novos erros poderão deflagrar uma crise colossal.

editoriais@grupofolha.com.br

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