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Pedágio tucano

Instituições devem investigação mais profunda e transparente do esquema em SP

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Pedágio na rodovia dos Imigrantes, em São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

Quem acompanha a política sem ilusões maniqueístas sabe que corrupção não é privilégio deste ou daquele partido. A maioria deles já se envolveu em suspeitas e casos comprovados de desmandos, e o acordo de delação da empresa Ecovias sobre pedágios paulistas oferece novo exemplo desse truísmo.

De acordo com reportagem da Folha, um executivo da companhia relatou pagamento de propina a políticos de ao menos quatro partidos com orientação ideológica diversa: Cidadania, PSDB, PT e União Brasil. A concessionária do sistema Anchieta-Imigrantes afirmou ter comprado proteção em CPI da Assembleia Legislativa.

Ademais, informações dadas por Marcelino de Seras, ex-presidente da empresa, incluem supostos pagamentos de caixa 2 eleitoral, no total de R$ 3 milhões, ao então governador tucano Geraldo Alckmin.

Na raiz da maracutaia esteve um cartel para fraudar licitações envolvendo 12 grupos em ação no estado. Ao todo, 80 empresas participavam dos consórcios mancomunados para lesar o público e o Tesouro paulista, segundo o delator.

O acordo de delação foi homologado na terça-feira (15) pelo Conselho Superior do Ministério Público. Para escapar de persecução penal, a Ecovias se compromete a pagar R$ 638 milhões, e seu antigo dirigente, mais R$ 12 milhões.

A soma de R$ 650 milhões seria ressarcida em dinheiro (R$ 200 milhões) e em obras (R$ 450 milhões), nas quais a empresa ficaria impedida de auferir lucro. O governo paulista descartou a proposta de reduzir tarifas do pedágio.

As investigações prosseguem sob a alçada da Delegacia de Defesa Institucional da Polícia Federal. Com efeito, há muito por apurar, diante da admissão de culpa pela Ecovias.

Não parece crível que mera meia dúzia de parlamentares e um único governador tenham levado vantagem no esquema bilionário —isso tudo, evidentemente, se confirmadas as informações obtidas por meio da delação premiada.

Os malfeitos, segundo Seras, abrangeram os anos de 1998 a 2015. Além de Alckmin, os tucanos José Serra e Mario Covas também foram governadores no período .

As instituições policiais e judiciais estão a dever investigação mais profunda do esquema de concessionárias de rodovias no estado de São Paulo, com total transparência.

editoriais@grupofolha.com.br

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