Descrição de chapéu
O que a Folha pensa ciclismo

Perigo em duas rodas

Mortes de ciclistas em SP expõem ciclovias insuficientes e desrespeito às leis

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Em 2012, ciclistas testam ciclofaixa na avenida Paulista, em São Paulo - Eduardo Knapp - 2.set.12/Folhapress

Elo mais frágil do violento trânsito paulistano, historicamente marcado pela prevalência do automóvel, o ciclista que se aventura pelas ruas e avenidas da cidade de São Paulo parece pedalar sob um risco ainda maior nos últimos anos.

Dados do Infosiga, computados pelo governo estadual, apontam que 41 ciclistas foram mortos na capital paulista em 2021, ante 35 no ano anterior (alta de 17%).

Recorde desde o início da série estatística, em 2015, a alta surpreende porque, com a queda da atividade econômica na pandemia, houve significativa redução na circulação de pessoas no ano passado.

As mortes no trânsito paulistano, no geral, também registraram queda —2021 teve o segundo menor número de vítimas desde 2015 (732, ou ainda inadmissíveis duas vidas perdidas por dia, em média).

A análise dos dados exige exame criterioso, porém a proliferação de entregadores de aplicativos em bicicletas —a maioria jovem e muitas vezes desprovida de equipamentos de segurança— é um indicador a ser considerado. Entre os mortos do ano passado, 7 eram ciclistas de 18 a 24 anos (17%), a faixa etária mais atingida.

Exemplo trágico ocorreu com o entregador Claudemir Kauã dos Santos Queiroz, 17, atropelado e morto em fevereiro por um empresário com a carteira suspensa e que apresentava sinais de embriaguez. Casos como o do jovem estimularam recentes protestos pela cidade, reunindo ativistas, familiares de vítimas e ciclistas em geral.

Modal relegado a segundo plano, a bicicleta ganhou visibilidade na gestão de Fernando Haddad (PT). De 2013 a 2016 foram criados cerca de 400 km de ciclovias e ciclofaixas.

Apesar do avanço, a malha foi concebida com falhas que perduram até hoje, como vias esburacadas, sinalização precária, traçados mal planejados e conexões insuficientes com o transporte sobre trilhos e os terminais de ônibus.

De lá para cá, São Paulo chegou a 692,5 km dessas vias, segundo o governo Ricardo Nunes (MDB), que prevê mais 300 km até 2024.

De baixo custo e não poluente, o transporte sobre duas rodas é valorizado e estimulado em grandes cidades do planeta, seja para trabalho, lazer ou atividade física.

Se cabe às autoridades racionalizar o sistema e ampliar a oferta, é dever de motoristas —e também de ciclistas— a prática da condução defensiva, atenuando o risco de acidentes, e, obviamente, o respeito irrestrito às leis de trânsito.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.