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O que a Folha pensa

Selvageria esportiva

Acumulam-se casos graves de violência de torcedores, estimulados pela impunidade

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Homem ferido é carregado após briga de torcidas em Belo Horizonte - Reprodução/Redes sociais

Episódios de violência envolvendo torcedores de futebol, dentro ou fora das arenas esportivas, são uma antiga e deplorável rotina no Brasil. Brigas organizadas pela internet, confrontos no transporte público e agressões variadas se sucedem, não raro provocando mortes.

Foi o que aconteceu em Belo Horizonte no último dia 6, um domingo em que as duas principais agremiações mineiras disputaram uma partida pelo campeonato estadual.

Horas antes do jogo, cerca de 50 pessoas, segundo a Polícia Militar, promoveram um espetáculo de selvageria no bairro Boa Vista, na região leste da capital. Resultado da barbárie, um homem morreu após ser alvejado por um disparo de arma de fogo. Tinha 25 anos e era pai de um menino de 5.

Não foi o único enfrentamento deste ano, que vai acumulando uma série preocupante de casos em diferentes localidades. Desde 12 de fevereiro, quando um torcedor do Palmeiras morreu nas imediações do Allianz Parque, em São Paulo, após a derrota de seu time na final do Mundial de Clubes, contam-se pelo menos outros nove episódios.

Entre eles, ganhou justificado destaque um ataque a bomba ao ônibus que conduzia jogadores do Bahia para uma partida no estádio Fonte Nova, em Salvador.

Diante de tal realidade, cabe perguntar por que dirigentes da área esportiva e autoridades da segurança pública não tomam as medidas necessárias para encerrar ou pelo menos conter esses torneios de estupidez agressiva.

Especialistas ouvidos por esta Folha, como o ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva, consideram que o problema está diretamente ligado à sensação de impunidade. É preciso penalizar os infratores.

O mais exasperante é que depois de experiências bem-sucedidas na Europa, em especial no Reino Unido, o Brasil conseguiu avançar na aprovação de leis voltadas para a violência no esporte.

Lamentavelmente, o Estatuto do Torcedor, que prevê punições severas, não é aplicado. Essa é a diferença entre o que acontece no Brasil e em países europeus.

Não é aceitável que esse estado de coisas perdure. Nada justifica que os responsáveis pela organização do futebol e pelas instituições públicas abordem o assunto de modo negligente, como se esse tipo de truculência fosse parte de uma realidade imutável.

editoriais@grupofolha.com.br

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