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O que a Folha pensa Rússia

Tragédia ucraniana

Guerra produz refugiados aos milhões, e Europa, felizmente, tem sido acolhedora

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Ucranianos buscam trens para a Polônia em Lviv - Marko Djurica/Reuters

A invasão da Ucrânia por tropas russas acaba de completar duas semanas e já produziu mais de 2 milhões de refugiados, que se dirigiram principalmente para a Polônia (1,2 milhão), mas também para Hungria, Eslováquia e outros países europeus. Cerca de 100 mil buscaram abrigo do outro lado, deslocando-se para a Rússia.

A ONU calcula que a guerra deverá levar 7 milhões de ucranianos a procurar refúgio em outras nações e submeter outros 7 milhões a deslocamentos internos. Se os números se confirmarem, será o maior movimento migratório provocado por conflitos na Europa desde as guerras dos Bálcãs, nos anos 1990.

Os números de mortos até aqui divulgados são surpreendentemente baixos. Os ucranianos contam cerca de quatro centenas de óbitos, o que parece incompatível com a intensidade dos combates e da artilharia.

Os russos não informaram baixas. O mais provável é que ambos os lados controlem informações para não abalar o moral dos militares e da população.

Outro elemento a agravar a crise humanitária é a Covid-19. A circulação do vírus já se mostrava bastante alta na Ucrânia antes da guerra, e apenas 36% da população estava com o esquema vacinal completo.

As aglomerações em bunkers e a sobrecarga a que o sistema de saúde está sendo submetido para atender os feridos tornam a situação ainda mais preocupante.

A clara preferência dos ucranianos pela Polônia está relacionada ao fato de que, antes da invasão russa, 1,5 milhão já vivia na Polônia como cidadãos naturalizados ou trabalhadores temporários.

Chama a atenção a forma até calorosa com que países da União Europeia recebem os refugiados. Eles são alojados em abrigos temporários e têm acesso a alimentos e serviços hospitalares.

Receberão uma inédita Diretiva de Proteção Temporária, que permite viver e trabalhar nos países da UE por até três anos sem necessidade de requerer asilo.

É brutal o contraste com o tratamento dispensado a oriundos de outros continentes, notadamente os que fugiram da guerra civil na Síria e, ainda mais, os africanos que tentam escapar às agruras econômicas de seus países natais.

A diferença é um golpe nas expectativas daqueles que sonham com um mundo livre de racismo e outros preconceitos. Mas, pragmaticamente, neste momento não há como deixar de considerar positivo todo o apoio aos ucranianos.

editoriais@grupofolha.com.br

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