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Centrão fortalecido

Janela resulta em expansão de siglas governistas e dificuldades para a esquerda

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Plenário da Câmara dos Deputados - Antonio Molina/Folhapress

Três legendas fisiológicas, do centro à direita do espectro ideológico e de estreitas relações com o presidente Jair Bolsonaro (PL) respondem pelo resultado mais expressivo da rodada de negócios e filiações permitida pela chamada janela partidária deste ano eleitoral.

Juntos, Partido Liberal, Progressistas e Republicanos, nomes que dizem muito pouco sobre o conteúdo programático das agremiações, contam agora com 172 deputados, de acordo com o site da Câmara nesta quarta (6) —os números ainda estão sendo totalizados.

Trata-se do equivalente a cerca de um terço da Casa (33,5%) e alta de 48,3% sobre os 116 parlamentares que o trio somava antes. Depois da fragmentação recorde de 2018, o bloco reformulado de partidos governistas assume um peso maior no Legislativo.

O PL, ora com 78 cadeiras, foi o partido que mais cresceu no troca-troca. Trata-se de um agrupamento fisiológico ao qual se juntaram bolsonaristas do extinto PSL.

O Progressistas (PP), com 52, é outra sigla tradicional da fisiologia do centrão, com cargos importantes no governo, como o comando da Casa Civil, além do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL). Já o Republicanos é conhecido pela associação com a bancada evangélica.

Com a movimentação no governismo, restou esvaziada a União Brasil, com 46 deputados, agora composta do restante do decadente DEM (ex-PFL) com bolsonaristas arrependidos do PSL.

Além do adesismo e de conveniências locais, a procura de fundos partidários, de benesses de emendas e a pressão da cláusula de barreira motivaram migrações.

Os partidos nanicos perderam deputados; aqueles incluídos no bloco de esquerda também, casos de PSB, PDT, PSOL e PC do B.

O MDB e o PSDB continuam no grupo das legendas entre medianas e pouco significativas em tamanho. O PT teve modesto crescimento, de 53 para 56 deputados.

Além de contarem com bancadas e fundos eleitorais maiores, os partidos da centro-direita e da direita foram aqueles que tiveram melhor resultado na eleição municipal de 2020. Ou seja, em termos de bases políticas e de finanças, teriam condições de manter a força atual no Parlamento.

Alianças regionais, relações com os candidatos nos estados e o desenrolar da eleição presidencial podem mudar tal quadro e a inclinação até mesmo dos ora bolsonaristas. De menos incerto, pode-se dizer que o centro tradicional e a esquerda terão dificuldades de se reerguer nesse Congresso marcado pelo colapso político de 2018.

editoriais@grupofolha.com.br

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