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Há perigo na esquina

Pane nos semáforos segue degradação urbana em SP e ameaça motoristas e pedestres

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SAO PAULO, SP, 28.04.2022: COTIDIANO - Acidente na esquina da alameda Barão de Limeira com avenida Duque de Caxias, onde os semáforos não funcionam há duas semanas, no centro de São Paulo. (Foto: Roberto Dias/Folhapress)
Acidente em cruzamento de São Paulo onde os semáforos não funcionam - Roberto Dias/Folhapress

Pare, olhe e escute. O aviso, comum em cruzamentos de linhas férreas Brasil afora, decerto faria algum sentido caso fosse replicado em parte das esquinas paulistanas.

Conhecida pelo trânsito caótico por natureza, São Paulo enfrenta agora uma multiplicação desenfreada de quebras de semáforos —estorvo já rotineiro, frise-se.

Segundo dados da CET, companhia responsável pelo trânsito da metrópole, o apagão nos equipamentos quase dobrou. Houve um crescimento de 91% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2021, ou 1.849 ocorrências ante 968.

A escalada vai além de meras falhas técnicas e expõe uma crise social latente e de difícil solução.

De acordo com a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), o problema se deve em sua maioria à ação de ladrões, que furtam cabos e fios para vender cobre e alumínio como sucata. Nada menos que 126 km de fiação foram reinstalados entre janeiro e março, diz a CET.

Os furtos geralmente são praticados por usuários de drogas em situação de vulnerabilidade social. Receptado por ferros-velhos, o metal vira dinheiro fácil para a compra de entorpecentes. Não à toa a região central, onde está instalada a cracolândia, é a mais afetada.

Em alguns casos, como no cruzamento da avenida Duque de Caxias com a alameda Barão de Limeira, os semáforos estavam desligados havia um mês, relatam comerciantes. Acidentes não são raros, e a travessia de pedestres tornou-se uma aventura tensa e arriscada.

Para contornar a sensação de terra de ninguém no trânsito da cidade, a prefeitura abusa do improviso. Como o número de agentes é insuficiente para organizar o tráfego, a "sinalização" é reforçada com cones interligados por fitas. Diminui, assim, o número de faixas de rolamento, forçando os motoristas a reduzir a velocidade.

A gestão Nunes prevê estancar o volume de ocorrências com obras de reforço e alteamento nas portas dos controladores semafóricos para dificultar o acesso à fiação elétrica. Já o governo do Estado, por meio de operações policiais, afirma ter intensificado apreensões de metais, prisões de suspeitos e fiscalização em estabelecimentos de reciclagem de materiais.

Enquanto ações administrativas e de segurança pública não amenizam o perigoso tormento, resta a motoristas, ciclistas e pedestres redobrar a atenção, mantendo olhos e ouvidos bem abertos.

editoriais@grupofolha.com.br

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