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FMI sobe projeção de crescimento do Brasil, que segue sem sinal de agenda sólida

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Plataforma de petróleo de Peregrino, no Rio de Janeiro - Ricardo Borges - 24.out.19/Folhapress

Com a guerra na Ucrânia e novos problemas de oferta em várias cadeias produtivas ocasionados pelo agravamento da pandemia na China, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou novamente para baixo sua projeção para o crescimento da economia mundial.

A expectativa para este ano caiu de 4,4% para 3,6%, com mudanças para pior nas principais regiões. O Brasil, desta vez, foi exceção, com alteração de 0,3% para 0,8%. Mesmo assim, o desempenho da atividade doméstica permanece abaixo do padrão global, como tem sido a norma desde a década passada.

A nova previsão para o país é menos ruim do que outras em circulação há poucos meses. Não se cogita agora o temido cenário recessivo —e vai se firmando entre analistas uma taxa mais próxima de 1% —uma quase estagnação.

Contribuem para a melhora os elevados preços no mercado internacional das matérias-primas, inclusive petróleo, que o país exporta em quantidades crescentes.

O efeito da alta nas cotações de produtos agrícolas e minerais impulsiona a renda de setores que em conjunto perfazem cerca de 25% do Produto Interno Bruto.

No caso do petróleo, o benefício fica magnificado pelo impacto na arrecadação de impostos e royalties, com parte relevante direcionada para estados e municípios, que podem assim impulsionar os investimentos públicos.

Os dados são convincentes. A arrecadação cresce rapidamente desde o ano passado, com ajuda da inflação elevada, e o novo choque de preços deste início de 2022 reforçará o movimento. O caixa dos estados atingiu valor recorde no final de 2021 —R$ 124,1 bilhões, com expansão anual de 91%.

Dados reunidos pelo jornal Valor Econômico mostram que governos estaduais, no agregado, investiram no primeiro bimestre R$ 4,2 bilhões, um aumento real de 115% ante o mesmo período de 2021. O maior salto se deu em Minas Gerais: o investimento passou de R$ 57 milhões para R$ 991,7 milhões.

Outros elementos importantes são a retomada dos serviços ainda deprimidos e a recomposição de estoques na indústria, embora neste caso o quadro possa piorar com novos sobressaltos na China.

Se este ano pode ser menos desastroso do que se temia, o próximo também tende a se mostrar difícil. A projeção do FMI, uma alta de apenas 1,4%, corre risco de cair à frente. A escalada da taxa de juros, que deve superar 13% anuais, deve provocar maiores consequências a partir do segundo semestre.

O primeiro ano de um novo governo, além disso, normalmente é acompanhado por aperto orçamentário. Pior, a pré-campanha presidencial ainda não gerou sinais de agenda econômica sólida, sem a qual não se vislumbrará progresso material e melhoria social.

editoriais@grupofolha.com.br

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