Descrição de chapéu
Marlova Jovchelovitch Noleto

Dia da Educação: Um novo contrato social para a educação

Devemos entender de forma diferente a escola, a sala de aula e o docente

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Marlova Jovchelovitch Noleto

Diretora e representante da Unesco no Brasil

A pandemia que o mundo enfrentou nos últimos dois anos dá sinais de que finalmente pode estar terminando, mas seu impacto na educação será sentido por muitas gerações. A interrupção dos sistemas educacionais não teve precedentes na história e aprofundou o fosso das nossas desigualdades, agravando ainda mais o quadro de exclusão para os estudantes, sobretudo os mais vulneráveis.

Nesta quinta-feira (28), em que celebramos o Dia da Educação, o objetivo é fazer com que o direito humano à educação seja respeitado e atue como alicerce e motor do desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo em que se valoriza o seu papel na construção de sociedades mais justas, resilientes e democráticas.

A Unesco, agência líder da ONU para a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS 4), que busca assegurar uma educação de qualidade para todos, lança hoje a versão em português do documento "Reimaginando nossos futuros juntos: um novo contrato social para a educação". Trata-se de um dos mais importantes relatórios da área de educação da Unesco, resultado de um trabalho de dois anos que reuniu uma Comissão Internacional de alto nível chefiada por Sahle-Work Zewde, presidente da Etiópia, e composta por líderes de diversos campos do conhecimento e de diferentes regiões do mundo.

Mais de 1 milhão de pessoas foram ouvidas para discutir os futuros da educação e seu papel na transformação mundial, tendo como ponto de partida uma visão compartilhada dos propósitos públicos da educação.

A Unesco espera que este novo relatório inspire mudanças e estabeleça novos caminhos para a educação e o conhecimento, a partir da reorganização de financiamentos com foco em currículos, pedagogias, pesquisa e avaliação, para se concentrar na aprendizagem cognitivo-emocional. O relatório também reforça a importância de se investir em programas multidisciplinares de pesquisa educacional, abertos, inclusivos e realizados em larga escala.

O documento apresenta uma visão plural, na qual todos devemos reconhecer o nosso relevante papel na construção do futuro que desejamos, a partir da percepção de um planeta compartilhado e que, cada vez mais, emite sinais de que necessita de nossa corresponsabilidade. Políticas e mecanismos de inclusão precisam ser ancorados no âmbito local, mas a discussão deve ser global. Por seu turno, a pedagogia deve ser organizada com base nos princípios de cooperação, colaboração e solidariedade.

Devemos entender de forma diferente a escola, a sala de aula e o docente. Precisamos catalisar um novo contrato social para a educação, com atos individuais e coletivos que nos levem a superar a discriminação, a marginalização e a exclusão. Devemos trabalhar para garantir a igualdade de gênero e os direitos de todos, independentemente de raça, etnia, religião, deficiência, orientação sexual, idade ou status de cidadania. É hora de pensar e agir em conjunto. Precisamos de um chamado à pesquisa e à inovação. Um apelo à solidariedade global e à cooperação internacional. É essencial que todos possam participar da construção dos futuros da educação.

Tal reflexão é uma peça-chave para fomentar ações que sejam colocadas em prática, no Brasil e no mundo, com o objetivo de tornar o conhecimento um dos maiores e mais importantes recursos disponíveis. É esse novo contrato social para a educação, com oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos, que nos permitirá moldar o futuro que queremos —aquele que romperá o ciclo intergeracional da pobreza e se tornará um horizonte seguro para a humanidade e para o planeta.

Nesse sentido, o investimento em educação nos permitirá transformar o mundo em um lugar mais justo e inclusivo para todos, cumprindo o desejo expresso pelas Nações Unidas em sua Agenda 2030 de não deixar ninguém para trás.

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.​

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.