O Twitter possui um impasse, determinante para seu futuro. De um lado, a rede é extremamente polarizada, repleta de discurso de ódio, assédio, ataques e desinformação.
Porém o Twitter não teria a influência atual se não fosse a arena pública digital da discórdia. Ser um ambiente agressivo gera engajamento.
Os anos Trump deram à rede relevância novamente. O ex-presidente dos Estados Unidos foi uma nêmesis e um trunfo. A empresa registrou o primeiro lucro de sua história, curiosamente, em 2017.
No Brasil, a situação é parecida. O episódio do golden shower de Bolsonaro, em março de 2019, representou o maior crescimento em número de usuários da rede no Brasil até então.
Por outro lado, o Twitter costuma apresentar, a cada trimestre, resultados financeiros abaixo do esperado. A rede não é lucrativa, em parte, porque os anunciantes não têm interesse em uma plataforma tóxica.
Nesses anos todos, a plataforma relutou em tomar medidas realmente efetivas para barrar a viralização de posts problemáticos. Até Trump, o "discurso livre" era soberano e encampado por figuras como Jack Dorsey, cofundador e ex-CEO.
Atualmente, as medidas parecem mais paliativas do que mudanças estruturais, como as que propõe Elon Musk —identificação de usuários, por exemplo. Tantas outras poderiam ser testadas, como o "dislike". Posts com muitos negativos apareceriam menos na timeline dos usuários.
Musk tem pela frente, portanto, uma escolha de Sofia.
Não ligar para reputação e anunciantes e deixar circular de tudo na plataforma. O bilionário demonstra não ter muito apreço pelo mercado publicitário, mas 90% da receita hoje do Twitter vem de lá. Para esse modelo triunfar, apostas de monetização em modelos de assinatura precisariam vingar.
Ou ele pode não dar a mínima para engajamento e implementar filtros eficientes para banir os radicais, tornando a conversa mais saudável, em um cenário que agradaria a Madison Avenue.
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