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Agonia tucana

Esforço do PSDB para tirar Doria da eleição reflete a fragilidade dos envolvidos

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O presidenciável João Doria, do PSDB - Bruno Santos/Folhapress

A disputa presidencial vem sendo marcada, desde que a campanha começou de fato com a reintrodução de Luiz Inácio Lula da Silva no jogo em 2021, pela perspectiva de afunilamento entre o petista e o incumbente, Jair Bolsonaro (PL).

As agruras da gestão federal desastrosa animaram a dita terceira via de centro-direita, mas a recuperação parcial do presidente nas pesquisas de intenção de voto esfriou os ânimos —enquanto nenhum outro nome mostrou até aqui um desempenho promissor.

Nesse contexto, sobressai-se o agônico impasse no PSDB. Depois de prévias fratricidas vencidas pelo então governador paulista, João Doria, o partido só fez rachar mais.

O tucano justificou a fama de pouco agregador e de traquejo duvidoso no trato da política tradicional, que vem dando as cartas na construção do cenário.

Doria já enfrentava forte oposição interna, que, comandada por Aécio Neves (MG), tentou derrotá-lo nas prévias, e passou a ser questionado até pela direção do PSDB acerca da validade do processo, que consumiu cerca de R$ 12 milhões em dinheiro público.

Marcado como inconfiável e sofrendo uma rejeição de 30% do eleitorado, apesar de ter capitaneado um governo estadual bem-sucedido, Doria não conseguiu apoios.

A União Brasil, que hoje abriga o ex-juiz Sergio Moro, resolveu deixar a pista da terceira via. Sobraram PSDB e MDB, este com um nome igualmente sem consenso, o da senadora Simone Tebet (MS), para definir a candidatura unificada.

Entretanto a ofensiva contra Doria viria de sua casa. O partido crê que só será possível manter o controle sobre São Paulo se o neotucano Rodrigo Garcia, vice de Doria que assumiu em abril, fizer campanha longe do antecessor. E perder o Palácio dos Bandeirantes pode ser a sentença de morte da sigla.

Doria notou o movimento e ameaçou judicializar o que vê como direito à legenda —o que incomodou os correligionários e Tebet. Após reuniões inócuas, os presidentes da federação PSDB-Cidadania e do MDB decidiram encaminhar o apoio à senadora aos partidos, na tentativa de pôr fim ao drama.

Seu curso apenas explicitou a anemia política dos atores daquele que já foi um dos principais partidos políticos brasileiros. De um lado, há a fixação individual por uma candidatura que empolga poucos; de outro, a disputa pelos talvez R$ 70 milhões a que Doria teria para gastar na campanha.

Lamentável para uma agremiação que coleciona contribuições fundamentais para a agenda nacional e mais de duas décadas à frente do estado mais rico do país.

editoriais@grupofolha.com.br

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