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Rozana Barroso

Escola técnica transforma destinos, como o meu

Futuro dos jovens não pode se resumir a educação insuficiente e subempregos

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Rozana Barroso

Estudante, 23, é presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes)

Comecei a trabalhar aos 13 anos, em comércio informal, sem perspectivas de ter acesso à educação de qualidade e a melhores oportunidades profissionais. Minha percepção sobre o meu futuro, e sobre o de muitos jovens brasileiros, mudou a partir da educação profissional e tecnológica (EPT).

A formação técnica não só alterou o meu destino e o da minha família ao abrir horizontes e oportunidades no mundo do trabalho e na vida acadêmica, mas também passou a ser meu objeto de luta no movimento estudantil. A experiência de não mais ver um subemprego como meu único destino profissional, e de ampliar o conhecimento técnico e social, me fez ver o poder de transformação de destinos —principalmente dos jovens— e de toda a sociedade com o recurso da educação.

Rozana, mulher negra, discursa em protesto cercada por mulheres que empunham bandeiras
A estudante Rozana Barroso, presidente da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) - Rozana Barros/Arquivo Pessoal

O Brasil tem 12 milhões de jovens de até 29 anos que estão sem oportunidades de estudos e de trabalho, segundo a Consultoria IDados. Esse é um reflexo dos desafios impostos à educação nacional. Os jovens que antes sonhavam com um futuro promissor hoje sofrem com o desemprego, o desinteresse com a educação e a evasão escolar. E, ainda assim, buscam oportunidades.

Uma pesquisa do Itaú Educação e Trabalho e da Fundação Roberto Marinho, que ouviu mais de mil jovens no ano passado, mostrou que 90% anseiam pela inserção no mundo do trabalho e 98% acham importante a escola capacitá-los para o futuro profissional. Além disso, 69% dos jovens sinalizaram grande possibilidade de cursar o ensino técnico se tivessem a oportunidade de conciliar com o ensino regular. Portanto, é preciso dar essa oportunidade aos jovens. E com qualidade.

É preciso colocar a educação profissional e tecnológica como centro do desenvolvimento econômico, social e tecnológico. A falta de investimentos na formação técnica prejudica o país, que perde o potencial de quem pode ajudar a construir uma nação mais desenvolvida: as juventudes de hoje. As gestões estaduais e federal precisam valorizar a EPT, garantindo políticas públicas de fomento, além de dispor de recursos e de melhorias na estrutura das escolas, bem como amplo acesso a essa possibilidade de formação.

Há, inclusive, uma meta do Plano Nacional da Educação que prevê triplicar as matrículas em EPT de nível médio até 2024, além de garantir que 50% dessas matrículas estejam na rede pública. É um longo caminho, mas que demanda urgência para garantir que o futuro dos jovens não esteja fadado a educação insuficiente e subempregos.

Estudante do Senai na unidade do Sesi em Taguatinga (DF): treino de funilaria - José Paulo Lacerda/CNI

Importante dizer que a EPT não é a última etapa de formação. Neste mês de maio, me despeço da liderança deste movimento estudantil secundarista (Ubes) para dar início a uma nova etapa, agora no ensino superior. Foi a minha formação técnica em análises clínicas que me deu a base e a oportunidade para seguir, agora, no curso de biomedicina na universidade —a primeira pessoa da minha família a ter acesso à graduação. O ensino técnico muda vidas e muda o país. Não há como debater avanços sem a escola técnica estar no centro. É preciso que o Brasil também veja isso.

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