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Lidando com a ditadura

Biden acerta ao buscar pragmatismo e diplomacia ante catástrofe na Venezuela

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O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro - Federico Parra/AFP

Em um novo passo da aproximação com a Venezuela iniciada em março, o governo dos EUA deve começar a promover uma paulatina flexibilização das sanções econômicas impostas nos últimos anos contra o regime de Nicolás Maduro.

O movimento tem por objetivo viabilizar a retomada do diálogo entre os representantes da ditadura e da oposição. Ocorre na mesma semana em que a Casa Branca anunciou também um alívio de restrições impostas a Cuba.

No caso da Venezuela, uma das principais medidas seria a autorização para que a empresa petrolífera Chevron restabeleça negociações com o regime, vetadas por Washington desde 2019 como resposta do governo de Donald Trump à reeleição de Maduro no ano anterior, vista como fraudulenta.

Embora ainda tímida, a iniciativa da gestão Joe Biden não deixa de ser um reconhecimento da pouca eficácia da política de linha dura implementada por seu antecessor. Nos últimos anos, a catástrofe econômica e humanitária na Venezuela só fez aprofundar-se.

Diante de uma tragédia social que encontra poucos paralelos no mundo, mais de 5 milhões de venezuelanos já foram forçados a deixar o país, segundo a Agência das Nações Unidas para Refugiados —um contingente só menor do que o de deslocados por guerras.

Como se a barbárie fosse pouca, a Venezuela vem também mergulhando no terror e na repressão promovidos pelo Estado. Investigações conduzidas pelo Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU identificaram milhares de casos de abusos por parte de agentes do governo.

Além disso, de janeiro de 2018 a maio de 2019, quase 7.000 pessoas foram mortas no país após supostamente resistir à prisão —boa parte dos episódios, segundo o órgão, seriam execuções extrajudiciais perpetradas por razões políticas.

Nova rodada de negociações entre ditadura e oposição foi encetada em meados do ano passado no México, sob mediação da Noruega, mas interrompida em outubro.

Retomar a agenda de distensão entre as duas partes com vistas a promover eleições presidenciais justas em 2024 é uma das principais metas do gesto americano.

Se o malogro das tratativas anteriores recomenda cautela quanto ao sucesso da nova empreitada, a opção do governo Biden pela senda do pragmatismo e da diplomacia constitui o caminho mais viável para lidar com a ditadura.

editoriais@grupofolha.com.br

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