Descrição de chapéu
Vários autores

Mulheres rurais, um futuro de esperança

Elas produzem metade dos alimentos no mundo, mas estão longe das decisões

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto)

O Brasil, país de dimensões continentais e vasta disponibilidade de recursos naturais, tem na agricultura uma das bases de sua economia. Apesar do relevante papel do agronegócio no PIB, a protagonista da produção de alimentos que abastece o mercado interno e fornece segurança alimentar é a agricultura familiar.

Tem-se a percepção de que a maioria dos agricultores familiares são homens. Porém, este dado esconde o papel essencial da mulher para a agricultura brasileira. O trabalho invisível delas é percebido como ajuda e não é reconhecido como atividade laboral. Na produção familiar rural compartilha-se o local de trabalho com a moradia, o que dificulta a separação da renda gerada por homens e mulheres.

O prêmio "Mulheres Rurais: A Espanha Reconhece" apoia iniciativas apenas de coletivos femininos, que contribuem na sua autonomia econômica, reduzindo a pobreza e a insegurança alimentar.

Recebemos 482 inscrições de estados brasileiros, de coletivos de mulheres que trabalham em ações como reaproveitamento de resíduos de siri, sementes de frutas ou no combate ao desperdício. Projetos que associam biodiversidade à economia circular, com grande potencial multiplicador para gerar riqueza de forma resiliente e sustentável.

As mulheres foram destinadas a cultivo de hortas, criação de animais, beneficiamento de alimentos, panificação e derivados de leite, além do artesanato. Essas tarefas geram renda, mas o trabalho desenvolvido por elas fica invisível. Na maioria das vezes, não recebem remuneração pelos serviços prestados e ficam dependentes economicamente de seus familiares homens. É questão de gênero, mas também de raça e etnia: há presença de populações indígenas, quilombolas e ribeirinhas inseridas em contextos econômicos vulneráveis.

Trabalhadora rural em plantação de café na Bahia - João Wainer - 11.mai.10/Folhapress

Guia-nos a Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. Os países signatários, sendo o Brasil um deles, levam em conta os desafios enfrentados pelas mulheres rurais e o importante papel que desempenham na sobrevivência econômica.

Elas produzem cerca da metade dos alimentos no mundo e representam o 43% da mão de obra agrícola mundial, mas ainda estão fora dos espaços de decisão. Além disso, têm mais dificuldade de acesso à terra, ao crédito e às cadeias de valor, essenciais para sua subsistência. Há ainda muito a ser feito pela comunidade global e pelos governos locais para impulsionar este movimento silencioso e essencial.

Apoiar essas iniciativas, a liderança dessas mulheres e aumentar os benefícios econômicos é a nossa maneira de contribuir nesta questão.

Mulheres rurais, no Brasil, na Espanha e no mundo, geram alimento, renda, emprego, vida e paz. É por isso que a Espanha, firmemente comprometida com a igualdade, junto com três organizações interamericanas e das Nações Unidas, entrega este prêmio.

Fernando García Casas
Embaixador da Espanha no Brasil

Anastasia Dimiskaya
Representante da ONU Mulheres Brasil

Gabriel Delgado
Representante do IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura) no Brasil

Rafael Zavala
Representante da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) no Brasil

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.​

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.