A Prefeitura de São Paulo quer aumentar o limite de barulho em eventos e jogos nos estádios de 55 para 85 decibéis —exposição considerada insalubre se superar oito horas diárias. O estopim para o projeto, conforme reportagem da Folha, foi a notificação para interdição do Allianz Parque pelo Psiu, da própria administração paulistana, depois do pop rock do Maroon 5, em abril.
Segundo a administração Ricardo Nunes (MDB), falta regulação específica para o limite de ruído nessas áreas. Enquanto isso, um juiz proibiu o fechamento do estádio da zona oeste. Se o projeto vingar, os moradores do entorno vão precisar de tampões de ouvido alguns dias por mês.
Na mesma zona oeste, as obras na linha 6-laranja do metrô estressam a vizinhança. É barulho de gerador, de guindaste, de caminhões, de apito. Moradores relatam noites maldormidas e problemas de saúde. Com o home office, até o trabalho é prejudicado. Donos de apartamentos ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo dizem que querem mudar dali, mas não encontram interessados nos seus imóveis.
A concessionária afirma cumprir a regulação. Se as obras terminarem no tempo previsto —no plano inicial, o ramal deveria ter sido entregue em 2013—, serão mais três anos de agonia, até 2025, para a turma de Perdizes e Pompeia.
A poucos quilômetros dali, o barulho é o menor dos problemas. A dispersão dos dependentes químicos que estavam na praça Princesa Isabel leva medo e apreensão aos moradores e comerciantes dos Campos Elíseos e da Santa Cecília. Formou-se na região uma nova cracolândia, trazendo junto insegurança.
"Me ameaçaram de agressão porque eu disse que precisava da minha entrada livre", disse um morador a este jornal. Polícia e administração municipal dizem realizar policiamento preventivo. A subprefeitura afirma fazer limpeza diária.
Aqui, não há prazo para obra terminar, nem projeto. É a falência civilizacional brasileira em seu estado bruto.
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