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Economia menos ruim favorece Bolsonaro, mas juros terão impacto no 2º semestre

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Fila para saque do FGTS em São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress

Em janeiro, as estimativas para o crescimento da economia neste 2022 rondavam 0,3%, de acordo com as previsões que instituições financeiras relatam semanalmente ao Banco Central. A projeção mediana mais recente, de 29 de abril, é de 0,7%, porém economistas dos maiores bancos privados já falam em taxas de 1% e 1,5%.

Depois da recessão de 2014-2016 e antes da Covid-19, o PIB cresceu 1,4% ao ano, em média. Trata-se de um desempenho abaixo de medíocre para um país remediado.

De todo modo, a discreta melhoria das estimativas e o resultado positivo do primeiro trimestre significam pequenos alívios e podem ter consequências políticas.

A recuperação do setor de serviços, depois de abandonadas quase todas as restrições da pandemia, o desempenho da construção civil e o ainda bom nível de concessões de crédito contribuíram para a criação de empregos. De março do ano passado para março de 2022, 8,2 milhões de pessoas passaram a ter rendimentos do trabalho.

Esse pequeno avanço deve ter influenciado a melhora da confiança do consumidor, segundo pesquisas da FGV —é possível que tenha compensado o efeito deletério da inflação acima de 11% e das altas dos combustíveis. A desaprovação ao governo Jair Bolsonaro (PL) também teve alguma queda.

Os indicadores prévios deste início de segundo trimestre são positivos. O saque parcial das contas do FGTS e a antecipação do 13º pagamento dos benefícios do INSS devem ainda manter o consumo em alta até meados do ano.

O risco é o de choques internacionais novos ou maiores. Podem advir problemas do aumento de juros nos Estados Unidos, das paralisações da economia chinesa a cada surto de Covid-19 ou da guerra da Ucrânia. Tais crises podem redundar em mais inflação e menos atividade econômica.

Ainda que não se traduzam em abalos maiores, problemas nos EUA, na Europa e na China devem contribuir para a desaceleração global. No Brasil, a alta de juros domésticos terá efeito mais intenso a partir do segundo semestre. A inflação tende a cair, mas deve fechar o ano ainda em patamar elevado, limitando a capacidade de consumo das famílias.

Uma campanha eleitoral de baixo nível político e programático degradará a situação. Por ora, mesmo a avaliação mais otimista prevê encolhimento do PIB nos trimestres finais do ano. A taxa de criação de empregos deve desacelerar.

Na comparação com as previsões do início do ano, o saldo político é ligeiramente favorável ao governismo. Mas há ameaças e a certeza do peso morto da inflação e dos juros. Pode ser que o pequeno alento deste 2022 esteja perto do limite.

editoriais@grupofolha.com.br

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