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Fragilidade da terceira via contribui para o empobrecimento do debate eleitoral

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Em montagem, os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT), Simone Tebet (MDB), João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT)

Os partidos políticos em busca de uma candidatura que empolgue os eleitores insatisfeitos com os dois líderes da corrida presidencial parecem longe de superar as dificuldades que têm encontrado.

Na quarta (18), os presidentes das siglas na mesa de negociações apontaram a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como sua melhor opção e resolveram submetê-la a discussões mais amplas com dirigentes na próxima semana.

A cúpula do PSDB trabalha contra as pretensões do ex-governador João Doria, que saiu vencedor das prévias internas realizadas pela legenda no fim do ano passado, mas enfrenta a rejeição de segmentos expressivos do eleitorado.

Pouco conhecida nacionalmente, Tebet não tem o mesmo problema, mas tampouco se sobressai quando seu potencial é testado pelas pesquisas de intenção de voto. As sondagens mais recentes lhe conferem só 1% das preferências.

Não há consenso nas duas legendas nem mesmo a respeito da conveniência de lançar candidatura própria. Em ambos há facções que torcem pela reeleição de Jair Bolsonaro (PL) e grupos simpáticos a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o líder das pesquisas.

A confusão na chamada terceira via é tão grande que há motivos até para duvidar que estejam realmente dispostos a entrar nesse jogo.

Para muitos dirigentes do MDB e do PSDB, a chave para sua sobrevivência nos próximos anos está no fortalecimento das bancadas no Congresso, essencial para que continuem se apropriando de fatias gordas dos recursos públicos que hoje enchem seus cofres.

Nesse contexto, soa mais sensato usar o dinheiro para investir nas campanhas estaduais do que apostar em candidaturas que não se mostram competitivas na disputa nacional, o que deixaria as siglas de mãos amarradas na busca de alianças locais.

Se o Datafolha indica que 31% dos eleitores não se mostram inclinados a votar como primeira opção nos dois líderes da corrida, é evidente também que nenhum dos nomes lançados até agora logrou aglutinar os anseios dos que buscam alternativa a Lula e Bolsonaro.

Em terceiro lugar nas pesquisas, Ciro Gomes (PDT) continua distante dos dois e sofre pressões para abandonar a competição em favor de Lula, que herdaria boa parte dos seus eleitores e assim teria chances de vencer no primeiro turno.

É de lamentar que tais articulações passem ao largo de qualquer consideração programática. Discutem-se as conveniências de cada partido no jogo eleitoral, sem que se pronuncie palavra sobre a recuperação da economia, amparo social e outras aflições da população. A falta de opções contribuirá para empobrecer ainda mais o debate.

editoriais@grupofolha.com.br

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