Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

Prevenir a obesidade

País deve mirar avanço da condição, que pode atingir 30% dos adultos em 2030

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Duas mulheres caminham na rua
Iniciativa da Federação Mundial de Obesidade busca retratar obesos em situações do dia a dia - World Obesity Federation

Nas duas últimas décadas, o aumento do sobrepeso e da obesidade na população brasileira vem configurando uma tendência tão consistente como preocupante.

Em 2006, quando a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico foi realizada pela primeira vez, 43% dos adultos encontravam-se acima do peso, isto é, com IMC (índice de massa corporal, peso dividido pelo quadrado da altura) entre 25 e 30, e 12% eram obesos (IMC acima de 30).

Hoje tais percentuais são de 57% e 22%, respectivamente.

A seguir nessa toada, o Brasil deverá ter, em 2030, cerca de 30% da população adulta obesa, segundo projeção da World Obesity Federation (organização voltada para prevenção da obesidade), tornando-se, em números absolutos, a quarta nação do mundo com mais pessoas com excesso de peso, depois de EUA, China e Índia.

É particularmente alarmante o ritmo de aumento da obesidade entre crianças e adolescentes. Esta deve crescer, em média, 3,8% ao ano, de 2010 a 2030, alcançando um total de 7 milhões de jovens —número classificado como muito alto pelo órgão internacional.

Esse enorme contingente tende a, no futuro, permanecer nessa condição, podendo vir a desenvolver alguns dos diversos males associados ao excesso de peso, como hipertensão e diabetes —para nada dizer do risco aumentado de complicações e mortes por Covid-19, como se constatou.

Atualmente, cerca de 9% da população com mais de 18 anos convive com diabetes e 26% apresenta hipertensão, num crescimento de 11,5% e 7,5%, respectivamente, ante o período anterior à pandemia.

Além de problemas individuais, o aumento da obesidade acarreta ainda uma série de impactos econômicos, tanto de forma direta, nos gastos do sistema hospitalar, como indiretas, caso da redução de capacidade produtiva.

Esse custo, calculado pela World Obesity Federation para o Brasil em US$ 39 bilhões, poderia mais que quadruplicar até 2060, chegando a US$ 181 bilhões. Mas as cifras, quaisquer que sejam, importam menos que a política de saúde.

O poder público tem um papel a desempenhar em relação a esse fenômeno, sobretudo em termos preventivos —fortificando as orientações nutricionais, principalmente na atenção básica à população, e estimulando todas as práticas de atividade física.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.