"Representar as mulheres, trabalhar por nossas causas: É assim que fazemos política". O partido "não quer ter apenas mulheres candidatas; quer que sejamos protagonistas".
"Somos mães, filhas, donas de casa e profissionais; somos múltiplas e somos milhares". "Filie-se".
Quem ligou a TV aberta nas últimas semanas e se deparou com a propaganda partidária ficou com a impressão de que a mulher é o centro da eleição de 2022 no Brasil.
Filiar-se, sim, mas governar nem tanto. Mulheres são apenas 1 em cada 7 pré-candidatos a governos estaduais. No ano em que a conquista do voto feminino no Brasil completa 90 anos, o percentual é menor do que o registrado nas eleições de 2018.
Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, que tenta a reeleição, foi a única eleita para um governo estadual no último pleito.
No Planalto, a lacuna se repete. O ano de 2022 se encerra com o governo mais masculino de Jair Bolsonaro. Restou apenas uma mulher, substituta de Damares Alves, entre os demais ministros, na troca para a disputa eleitoral.
Na falta de mais mulheres, coube a Cristiane Rodrigues Britto fazer par com Michelle Bolsonaro para dar o tom feminino da atual gestão em controversa aparição na TV da primeira-dama no Dia das Mães.
Mulheres governam a maioria dos lares brasileiros mais vulneráveis. Ocupam a maioria das cadeiras escolares e, ao lecionar, são as que mais formam futuros profissionais. Mas elas ainda estão distantes dos principais postos de chefia nas empresas privadas. O que se reflete também na estrutura de comando da política.
Um bom governo, obviamente, não é garantido pelo gênero da pessoa escolhida, tampouco pela etnia e pela orientação sexual. Mas, na formação das chapas eleitorais, partidos deveriam refletir com mais nitidez o atual rosto da população brasileira e mostrar sintonia com as principais demandas do eleitorado.
Falta, enfim, o protagonismo delas prometido na TV.
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