Descrição de chapéu

Você, mulher: filie-se. Mas não governe

Elas são apenas 1 em cada 7 pré-candidatos a governos estaduais, e sumiram da gestão Bolsonaro

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Juliana Coissi

Editora da Agência Folha, editoria responsável pelas reportagens nos estados. Formada em Jornalismo pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), foi repórter em Cotidiano, na sucursal de Ribeirão Preto, na Agência Folha e correspondente em Curitiba.

"Representar as mulheres, trabalhar por nossas causas: É assim que fazemos política". O partido "não quer ter apenas mulheres candidatas; quer que sejamos protagonistas".

"Somos mães, filhas, donas de casa e profissionais; somos múltiplas e somos milhares". "Filie-se".

Quem ligou a TV aberta nas últimas semanas e se deparou com a propaganda partidária ficou com a impressão de que a mulher é o centro da eleição de 2022 no Brasil.

Filiar-se, sim, mas governar nem tanto. Mulheres são apenas 1 em cada 7 pré-candidatos a governos estaduais. No ano em que a conquista do voto feminino no Brasil completa 90 anos, o percentual é menor do que o registrado nas eleições de 2018.

Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, que tenta a reeleição, foi a única eleita para um governo estadual no último pleito.

Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte - Roberta Aline

No Planalto, a lacuna se repete. O ano de 2022 se encerra com o governo mais masculino de Jair Bolsonaro. Restou apenas uma mulher, substituta de Damares Alves, entre os demais ministros, na troca para a disputa eleitoral.

Na falta de mais mulheres, coube a Cristiane Rodrigues Britto fazer par com Michelle Bolsonaro para dar o tom feminino da atual gestão em controversa aparição na TV da primeira-dama no Dia das Mães.

Mulheres governam a maioria dos lares brasileiros mais vulneráveis. Ocupam a maioria das cadeiras escolares e, ao lecionar, são as que mais formam futuros profissionais. Mas elas ainda estão distantes dos principais postos de chefia nas empresas privadas. O que se reflete também na estrutura de comando da política.

Um bom governo, obviamente, não é garantido pelo gênero da pessoa escolhida, tampouco pela etnia e pela orientação sexual. Mas, na formação das chapas eleitorais, partidos deveriam refletir com mais nitidez o atual rosto da população brasileira e mostrar sintonia com as principais demandas do eleitorado.

Falta, enfim, o protagonismo delas prometido na TV.

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