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A demagogia é nossa

Presidente da Petrobras sai em meio a ataques simplórios à direita e à esquerda

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Sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro - Lucas Tavares/Folhapress

A índole intervencionista, encontradiça da esquerda à direita, se mistura ao oportunismo eleitoral na reação do mundo político à disparada dos preços dos combustíveis —problema que tem sido enfrentado à base de demagogia e medidas temerárias.

Do lado governista, ataca-se a Petrobras, maior empresa do país, na tentativa de apontar um culpado fora do Palácio do Planalto e do Congresso pelo encarecimento que atormenta a população em ano de disputa presidencial.

Mesmo para seus padrões, a reação de Bolsonaro e aliados foi explosiva. O presidente da República disse que a estatal "pode mergulhar o país no caos". Ao catastrofismo somou-se a ameaça de uma inusitada CPI contra a petroleira, com o apoio de Arthur Lira (PP-AL), o chefe do centrão à frente da Câmara dos Deputados.

Era chantagem, mas na sexta-feira (17) contribuiu para uma perda de mais de R$ 27 bilhões em valor de mercado da empresa na Bolsa. Não satisfeito, Bolsonaro insistiu na comissão de inquérito e previu queda adicional de R$ 30 bilhões nesta segunda (20). Em vez disso, colheu a renúncia do presidente da estatal, José Mauro Coelho.

Sem nenhum interesse em travar um debate mais qualificado, a oposição apenas procura jogar a crise no colo do presidente.

O líder nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), saiu-se com novas bravatas contra a política de preços da Petrobras, que segue as cotações globais: "A gente já provou que é possível lucrar com a Petrobras, vendendo a gasolina com preço em real". Deveria ser desnecessário lembrar a ruína da estatal ao final da gestão petista.

O presidenciável do PDT, Ciro Gomes, adotou uma linha de argumentação ainda mais rudimentar ao chamar Bolsonaro de "frouxo", como se evitar os reajustes fosse questão de valentia ou virilidade.

Ainda que venha a render votos, a indigência dos discursos e a temeridade dos atos dificultarão a tarefa de governar, agora e à frente. O perigo está em semear expectativas de soluções milagrosas para um problema complexo e global.

editoriais@grupofolha.com.br

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