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Stéphanie Habrich

A guerra afeta todos (e isso inclui as crianças)

Falar de orçamento familiar com crianças ajuda-as a compreender os fatos do mundo

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Stéphanie Habrich

Mestre em negócios internacionais pela Columbia University (Nova York), é fundadora e diretora-executiva do Joca, jornal para jovens e crianças

Desde a invasão russa à Ucrânia, relatos sobre o conflito dominam os noticiários. No entanto, para compreender as proporções da guerra, é importante ir além das bombas e dos territórios ocupados.

É claro que os ucranianos foram os mais impactados. De acordo com a Acnur (Agência da ONU para refugiados), mais de 6,8 milhões de habitantes do país deixaram suas casas em busca de refúgio desde o início da ofensiva. Os cidadãos russos, por sua vez, enfrentam sanções econômicas e boicotes de empresas diversas —de redes de fast food a grifes de alta costura.

Mas, daqui do Brasil, também é possível sentir os efeitos. Basta uma ida ao mercado ou encher o tanque para notar o aumento da inflação. Algo sentido por pessoas de todas as idades —dos adultos, que pagam as contas, às crianças, que veem seu dia a dia alterado. Um exemplo está nas dificuldades que a guerra gerou para a importação do trigo, que leva ao aumento do preço de itens como o macarrão, uma das refeições preferidas dos pequenos.

Dependendo da situação financeira da família, esse e outros alimentos podem ficar de fora da mesa com mais frequência. Ou seja, o orçamento familiar vive um momento de revisão. Incluir as crianças nessa conversa vai ajudar a compreender não apenas o dinheiro da família, mas como os acontecimentos mundiais interferem na vida de todos.

Apesar de ser comum consumir notícias sobre países desenvolvidos, pouco se fala sobre os impactos do conflito para nações em desenvolvimento. Indo além do nosso quintal, vale citar casos na África. Se no mercado global cerca de 30% do trigo vêm da Rússia ou da Ucrânia, no continente africano existem países onde esse número sobe para 80%. Agora, com a dificuldade de acesso a produtos importados das nações em conflito e os preços elevados, a insegurança alimentar se torna uma ameaça maior.

Além disso, voltando ao Brasil, o setor automobilístico nacional, já impactado por lockdowns na China, enfrenta falta de peças, e montadoras são obrigadas a dar férias aos funcionários.

"São vários efeitos cascata. A pandemia, a falta de microchips e o aumento do preço dos combustíveis fizeram com que o preço dos carros aumentasse consideravelmente", afirma o economista Elia Rinaldi, presidente da empresa Adler Pelzer, especializada em peças acústicas do setor automobilístico, no Mercosul.

Para mim, as consequências da guerra revelam a importância de nos informarmos sobre o que está acontecendo ao redor para aguçar nosso senso crítico. Isso porque todos os cidadãos são afetados pelos diversos acontecimentos ao redor do planeta —sejam eles adultos ou crianças.

Preço dos combustíveis em alta afeta toda a economia - Evandro Leal/Agência Enquadrar/Folhapress
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